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Aviação: Cedendo os anéis

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A aviação civil brasileira deu os seus primeiros passos na década de 1920. Entretanto, a aviação civil mais moderna tem a sua origem em 1944, em pleno período da II Guerra Mundial. Naquele ano, com o apoio do presidente Roosevelt, dos Estados Unidos, foi realizada a Conferência de Chicago, da qual participaram os países aliados, num total de 52, buscando o desenvolvimento da aviação civil no pós-guerra. Desta conferência resultou a Convenção de Chicago, firmada em 27 de dezembro de 1944, que entrou em vigor no dia 4 de abril de 1947.

A Convenção de Chicago se compõe de quatro partes e 18 anexos técnicos. O anexo 14 trata de aeroportos, listando nele as práticas recomendadas para a sua construção.

Ainda durante a II Guerra Mundial, a costa brasileira recebeu uma rede de aeroportos, construídos pelos Estados Unidos, destinada a permitir a operacionalidade das aeronaves militares que vigiavam a nossa costa quanto à presença de submarinos alemães. Dentro da necessidade de guerra de cortar as linhas de suprimento dos inimigos, os alemães enviaram submarinos para o nosso oceano com a missão de afundar os navios que por ele navegassem.

Essa rede de aeroportos era bem característica. Basicamente, todos tinham as mesmas linhas arquitetônicas e, apesar de modestos, atendiam as operações dos aviões da época.
Com a entrada em serviço de aviões mais modernos, propulsados por motor a reação, a estrutura aeroportuária passou a demandar ampliações e melhorias. O Ministério da Aeronáutica aguentou o quanto pode a operacionalidade das novas aeronaves, mas logo ficou evidente que uma estrutura mais ágil era necessária para que os aeroportos pudessem acompanhar o crescimento das aeronaves. Assim nasceu, em 1973, a Infraero.

A estatal subordinada ao então Ministério da Aeronáutica tinha a agilidade requerida e os anos 1970 foram a década de ouro da infraestrutura de aeroportos. Foram reformados os aeroportos de Florianópolis, Salvador, Fortaleza e Recife e construído o de Manaus. Muitas outras obras foram realizadas, todas buscando atender o crescimento da demanda, que não ultrapassava a duas vezes o crescimento da economia brasileira. É daquela época a solução da localização atual do aeroporto internacional da cidade de São Paulo.

Depois de demorados estudos, que incluíram os municípios de Mogi das Cruzes, de Caucaia e de Campinas, uma solução temporária foi encontrada na década de 1980, quando foi construído o aeroporto internacional de São Paulo (André Franco Montoro), que desalojou as unidades da Base Aérea de São Paulo e utilizou a área de pouso e decolagem para a contrução de novas pistas.

Foi também na década de 1980 a construção do nosso aeroporto de Confins, um aeroporto moderno que ficou sub-utilizado por vários anos.

Tudo caminhava dentro de uma normalidade, mesmo quando a Infraero passou à estrutura do Ministério da Defesa, pois o então presidente teve o discernimento de mantê-la sob a direção de técnicos.

O horizonte negro da infraestrutura aeroportuária começou no início do governo Lula. Em 2002 foi escolhido um presidente da Infraero oriundo de um partido político. Muitas histórias vieram a público sob a batuta daquela direção política. A situação chegou a um ponto que dois diretores, sentindo que o barco não estava sendo bem conduzido, pediram para sair.

Mais problemas surgiram quando a Anac foi implantada, em 2006. Uma política de acirramento da concorrência trouxe para o segmento uma nova demanda, sem que, para ela fosse planejada uma infraestrutura adequada.

Não contente com a confusão que criara, a motivação política levou o ex-presidente a buscar eventos esportivos para horizontes próximos. Se o período de tempo para preparar a infraestrutura de aeroportos era pequeno, ficou menor, porque o presidente Lula não se preocupou com os problemas decorrentes. No seu segundo mandato, podemos dizer que tivemos quatro anos de descaso no atendimento da demanda oriunda dos compromissos esportivos internacionais assumidos.

Por várias vezes, o secretário-geral da Fifa se referiu ao nosso país como inconsequente, pois assumiu compromissos e esqueceu de arregaçar as mangas.

Pressionado pelo tempo, o governo atual passou a estudar a outorga. Depois de muitas simulações, foi realizado o leilão para a concessão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), para atender a cidade de Natal. Houve um ágio confortável e isso encheu de esperança o novo diretor-presidente da Anac.

O próximo passo será a realização dos leilões dos aeroportos de Brasília (DF), de Guarulhos e de Viracopos/Campinas, em São Paulo. Ouve-se à boca miúda que o fato de a Infraero ficar como síndica nessas concessões atemoriza os grandes investidores.

Em todo caso, o afastamento da posição menor do PT contra as privatizações é um claro sinal de quem entrega os anéis para não perder o dedos.


BIRUTINHAS
JUIZ DE FORA
O problema ocorrido no voo inaugural da Azul para o aeroporto de Goianá (Juiz de Fora) é consequência de quem não conhece aquela região para operação aérea. Já é histórico o fechamento do aeroporto de Juíz de Fora, onde quer que ele esteja localizado. Do baixio que margeava a via pública a Serrinha e agora Goianá, só uma condição é constante: o nevoeiro matutino.

SAE BRASIL
O Congresso SAE Brasil, que será realizado de 4 a 6 de outubro em São Paulo terá um painel sobre ecodesign de aeronaves do futuro. O painel será realizado no dia 4, às 13 h. Os assuntos a serem apresentados serão: Desenvolvimento integrado de produto sustentável, inovação e meio ambiente e operações eficazes. Especilistas da Embraer, do ITA e da Azul apresentarão os temas citados.

TETO ZERO A Infraero está investindo R$ 35 milhões nos aeroportos de Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Curitiba (PR) para instalar equipamentos ILS de categoria três, permitindo operações de aproximação com teto zero. Para que esse avanço esteja operacional, as aeronaves devem ser equipadas para essa operação e as tripulações devem ser qualificadas. Com o sistema operando, os atrasos devidos ao nevoeiro matinal tendem a acabar.

VIRACOPOS
O antes esquecido aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas (SP), foi o segundo que mais cresceu em 2010. O resultado foi obtido comparando os movimentos de 1300 aeroportos em 157 países. Os de maior movimento continuam sendo o de Atlanta e de Chicago, nos Estados Unidos; o de Pequim, na China; o de Londres, na Inglaterra; e o de Tóquio, no Japão. Juntos movimentaram 360 milhões de passageiros em 2010.

OTIMIZAÇÃO
Como resultado da Feira de le Bourget, a Boeing anuncia que seu conselho de diretores aprovou a otimização do modelo Boeing 737 com novos motores. A entrega da nova aeronave se inicia em 2017, atendendo 496 pedidos, de cinco empresas aéreas. A Boeing promete um motor que queimará 16% de combustível a menos do que o atual motor do Airbus A320 e 4% a menos do que queimará o motor do Airbus A320neo.