Em mais uma pesquisa que aborda questões de segurança, envolvendo o trânsito o Caderno Veículos do jornal Estado de Minas entrevistou 100 condutores em Belo Horizonte, entre motoristas e motociclistas, questionando sobre o avanço de sinal. Apenas 23 assumiram cometer a infração, independentemente de horário ou circunstância, que está entre as mais registradas na capital, pela BHTrans; enquanto 40 confessaram não respeitar a luz vermelha somente de madrugada. Curiosamente, entretanto, mais da metade (65 condutores) disse ver com freqüência outros motoristas passarem no vermelho, se sentindo incomodada com o comportamento. Trinta e sete condutores afirmaram respeitar o sinal vermelho sempre. Uma enquete também foi realizada pelo Portal Vrum e 12% dos internautas disseram avançar o sinal em qualquer situação, contra 63% que não param somente durante a madrugada (foram computados 1.264 votos).
Além da circunstância do horário, separada na pesquisa exatamente por ser justificada até certo ponto pela violência, outras desculpas para o avanço de sinal foram o perigo de levar uma batida na traseira e a tentativa de aproveitar o amarelo. Dos motociclistas abordados, quase todos assumiram não respeitar o sinal e nem procuraram justificativas, assumindo o erro. "Só parava de vez em quando. Na semana passada, sofri um acidente exatamente porque avancei o sinal. Então agora parei", confessa o motociclista Ranier Sarney Mendes. "Avanço quase sempre. E de madrugada é que não paro mesmo", admite o motoboy Davidson Araújo.
De pensamento inverso e mais cauteloso, o publicitário Gustavo Ceccato disse passar no vermelho, com cuidado, somente de madrugada e quando está de carro: "Quando estou de moto, nunca avanço, até porque todos os motoqueiros passam, então tomo cuidado e espero. Outro dia, se eu não tivesse esperado, um carro que avançou, do outro lado, teria me pegado".
Madrugada
"Só avanço sinal de madrugada, porque é muito perigoso. Mas vejo gente avançando o dia inteiro, toda hora. Todo mundo quer levar vantagem. O problema é que em Belo Horizonte falta policiamento de trânsito", avalia o economista Marcos Flávio. "Tento não avançar nem de madrugada. Ou vou mais devagar até o sinal abrir ou, se não tiver jeito, vou com bastante cuidado, diminuindo a velocidade e olhando bem, para ter certeza de que posso passar", pondera a dona-de-casa Gracinda Miranda. O eletricista Geraldo Gonçalves vai mais além na reflexão sobre a madrugada: "De noite é que você tem que respeitar mesmo, pois não sabe a atitude do outro e tudo pode acontecer".
“Sou a pessoa mais rigorosa que existe no trânsito. E não entendo, de uns tempos para cá, em Belo Horizonte criou-se uma cultura de avanço de sinal que está irritando", diz o dentista Jaime Reis. "Ninguém respeita de dia ou de noite. Fica parecendo que tanto faz...", completa o eletricista Evaristo Alves Dias.
Leia mais sobre o assunto com a matéria "Pedestre não tem vez", que está no Veja Também, no canto superior direito desta página.