O Latin NCAP, que acaba de divulgar a terceira bateria de resultados de crash-tests realizados com automóveis comercializados na América Latina, é uma entidade sediada no Uruguai que decidiu levar adiante um projeto para analisar a segurança veicular na região. A sigla é correlata da famosa Euro NCAP, organização não governamental europeia que montou a infraestrutura necessária para realizar testes de impacto com modelos vendidos por lá. E contratada pela Latin NCAP para testar nossos automóveis.
Os carros avaliados desta vez foram o Jac J3, Toyota Etios, Ford New Fiesta Hatch, Renault Sandero e Fluence, Honda City e VW Polo e Bora. Os mais inseguros, com apenas uma das cinco estrelas possíveis, foram o J3 (com airbags) e o Sandero (sem). Destaque positivo para o New Fiesta, Honda City, Toyota Etios, VW Polo e Renault Fluence: quatro estrelas na proteção dos passageiros. Resultados satisfatórios, embora muitos modelos europeus já estejam atingindo nota máxima nesse quesito.
Uma pergunta diante desses resultados é o porquê da ausência de airbags no Sandero. A Latin NCAP diz que a culpa é do consumidor: ela seleciona a versão mais vendida no mercado. Se for sem as bolsas infláveis, o teste é feito nessa configuração. E por que o Jac J3 com airbags? Por serem equipamentos de série. Conclusão importante é que esse equipamento não torna o carro necessariamente seguro: se a estrutura da carroceria for deficiente, seja no projeto, seja nos materiais utilizados, de pouco adianta a bolsa. Foi o que ocorreu no carro chinês, que teve até o assoalho rompido. Um detalhe importante, pois o airbag será obrigatório nos nossos automóveis a partir de 2014 e que sinaliza uma legislação capenga ao não exigir, simultaneamente, que o carro seja aprovado no crash test.
O Latin NCAP parece estar conduzindo com seriedade os testes, embora dê uma eventual escorregadela. Na Fase II, por exemplo, um dos carros avaliados (e bem-sucedido) foi o Chevrolet Cruze. Mas o órgão não tinha esclarecido (até questionarmos) que o modelo tinha sido fabricado na Coreia, pois a produção no Brasil ainda não havia começado, o que distorce os resultados. Ronald Vroman, do EuroNCAP, participou da apresentação dos resultados e estranhou que modelos brasileiros sejam menos seguros que seus similares europeus, apesar de oferecerem os mesmos equipamentos de segurança.
O sr. Vroman aparentemente desconhece alguns princípios da nossa indústria que explicam a inferioridade de nossos modelos: reduzir custos ainda que se prejudique a segurança. Nossas fábricas não hesitam nem em aplicar um aço de qualidade inferior nas carrocerias de nossos modelos. Elas negam de pés juntos, mas é a realidade.