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Poucos fabricantes capitalizaram tanto com uma inovação tecnológica como a Audi, que, ao criar a tração integral quattro, ganhou um status diferenciado. O modelo que primeiro fez uso dessa nomenclatura foi o Quattro, de 1980, que foi produzido até 1991. A mística em torno do precursor é tamanha que o carro ficou conhecido como Ur-Quattro, ou Quattro original, ancestral. Como forma de render uma homenagem aos 30 anos do patriarca, a Audi apresentou o conceito Quattro no Salão de Paris, que vai até dia 17. O modelo está repleto de inspirações no original em suas formas musculosas, em suas proporções e, até mesmo, sob o capô. Mas também desfila elementos advindos da atual linguagem de estilo da marca das quatro argolas.
A grade hexagonal em peça única, no estilo bocão, deixa claro que este é um Audi atual. Grandes entradas de ar fendidas no para-choque sublinham os faróis com luzes de LEDs. A porção lateral ganhou vincos mais integrados, sem o ar massivo dos para-lamas alargados do original, mas dá pistas da sua fonte na linha do teto, que não ostenta o caimento arqueado dos Audi de hoje, com um perfil retilíneo amparado por largas colunas traseiras. A traseira é truncada e, além do amplo aerofólio, chama a atenção pelas lanternas retangulares, ligadas visualmente por uma faixa preta. Mais oitentista, impossível. Os enormes escapes ladeiam um extrator e, para formar o conjunto agressivo, as rodas são aro 20 com sete raios, calçadas em pneus 275/30.
SANGUE ESPORTIVO A plataforma é a mesma do cupê RS5, que foi encurtada em 15cm no entre-eixos, enquanto o balanço traseiro (a medida entre as rodas e a extremidade da carroceria), diminuiu em 20cm. Isso deve dar ao Quattro uma agilidade ímpar em trechos travados, além de reproduzir a estética encurtada do Quattro Sport, versão ultra-leve de 1984, com 32cm a menos de entre-eixos e 306cv, criada especialmente para homologação do rali do grupo B (com apenas 224 unidades fabricadas). O ar compacto é reforçado pelas medidas reais: são 4,28m de comprimento, 1,86m de largura e apenas 1,33m de altura, para um entre-eixos de 2,60m. Para comportar dois passageiros, não é necessário mais do que isso. Feito em alumínio, o carro pesa apenas 1.300 quilos.
O Vrum esteve em Paris e mostrou o Quattro Concept. Confira no vídeo aabixo
Um peso-pena empurrado por um motor que também segue a linha do Quattro original: um cinco cilindros, no caso uma versão exaustivamente preparada do 2.5 que equipa o TT-RS. Mas não pense que o motor deixa a desejar em relação ao V8 4.2 FSI do RS5. São nada menos que 408cv de potência, entre 5.400rpm e 6.500rpm, e 48,9kgfm de torque, disponível integralmente em uma faixa ampla que começa em baixas 1.600rpm e vai até as 5.300rpm, onde se encontra toda a cavalaria. O câmbio faz a alegria dos puristas: manual de seis marchas. A tração, como não poderia deixar de ser, é a integral quattro, que deixa de lado a antiga repartição equânime de 50/50 de força para transmitir 60% da força para as rodas de trás e 40% para as dianteiras, o que rende uma pilotagem sobre-esterçante. A suspensões são de braços múltiplos, enquanto os freios de cerâmica estancam a tempo de atacar as curvas.
ROJÃO GERMÂNICO Um conjunto que leva o Quattro concept até os 100km/h em cravados 3,9 segundos, com máxima superior aos 250km/h. Sem abdicar do conforto, com requintes como ar-condicionado de duas zonas de ajuste e revestimentos em couro, além de enxertos em fibra de carbono. Os bancos tipo concha são levíssimos, com apenas 18 quilos cada. O quadro de instrumentos ostenta mostradores digitais, no que o conceito também remete ao Quattro da década de 1980. A impressão final é de que o modelo está pronto para as ruas e que poderia se encaixar entre o TT e o A5. A própria Audi já adiantou que criará um esportivo que contará tanto com propulsão elétrica quanto convencional, algo que já foi antecipado em parte pela série e-Tron. Seria uma adição de respeito.
