Demorou, mas finalmente a Audi apresentou a nova geração do seu "carro-chefe", o A8. O grande sedã substitui a encarnação anterior do modelo, lançada em 2003 e que já pedia renovações, principalmente para enfrentar os já renovados BMW Série 7 e Jaguar XJ, lançados esse ano, além do Mercedes-Benz Classe S, apresentado em 2006. Nesse segmento, onde as marcas de alto luxo mostram o que sabem fazer, ter a dianteira é sempre importante. O novo A8 não faz por menos, e chega com um estilo mais agressivo, com linhas vincadas, muitas arestas e faróis integralmente em LEDs. Mas sem deixar de lado marcas características do modelo, como a construção em alumínio, que pesa cerca de 40% a menos que um modelo em aço.
Sob o capô está o conhecido motor V8 4.2 FSI, capaz de entregar 371 cv de potência, contra 350 cv do anterior, e 45,3 kgfm de torque. Mesmo com um aumento de rendimento, o consumo médio é 15% inferior. A diminuição foi possível graças à aplicação de tecnologias mais eficientes, como um melhor gerenciamento térmico e um sistema de recuperação de energia. Mas o principal responsável pela melhor eficiência é o novo câmbio automático sequencial de 8 marchas.
Na Europa também estará disponível um turbodiesel V8 de 4,2 litros com 350 cv e massivos 81,5 kgfm, que será acompanhado por um 3.0 TDI de 250 cv e 46,1 kgfm. Mas ainda está prevista uma versão menos potente desse último motor, com 201 cv, que virá com tração apenas nas rodas dianteiras.
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O conjunto leva o A8 4.2 FSI e tudo o que está dentro dele de zero a 100 km/h em 5,7 segundos - 0,2 s a mais que o 4.2 TDI -, com velocidade máxima limitada eletronicamente a 250 km/h. Como manda a tradição da marca das quatro argolas, a tração é integral permanente quattro, que repassa 40% da força para o eixo dianteiro e 60% para o eixo traseiro. Opcionalmente, o A8 pode ser equipado com um diferencial esportivo, capaz de dividir de forma mais arrojada a tração entre as rodas traseiras. As rodas de alumínio podem ter medidas entre 17 e 21 polegadas.
Tal como a carroceria, 25% mais rígida que a do predecessor, os componentes da suspensão também são em alumínio. O uso de materiais leves permitiu um peso de 1.835 kg na versão, contido para um grande sedã. O conforto de rodagem e o equilíbrio dinâmico são auxiliados pelo controle eletrônico da suspensão a ar, que pode elevar ou abaixar o veículo em até 2,5 cm para diminuir o consumo e o arrasto em velocidades elevadas. E a direção também pode receber, como opcional, um sistema adaptativo, que pode variar a relação da direção de acordo com as exigências.
A parte frontal é a que mais se destaca no conjunto, graças aos novos faróis. O conjunto óptico dispensa as lâmpadas tradicionais e adota apenas LEDs com luzes de xênon, enfileirados em um desenho agressivo que parece saído do superesportivo R8, o primeiro a ser equipado com essa tecnologia na casa de Ingolstadt. Com as informações do sistema de navegação, o facho emitido se antecipa à rota percorrida e, com isso, dispensa até mesmo os faróis de neblina. Antes de virar uma curva, por exemplo, o sistema ilumina o caminho, para maior segurança. Os faróis baixos contam com 10 módulos de diodos que formam um arco logo abaixo do filete cromado em forma de asa. Abaixo deles há um grupamento de 22 LEDs brancos e outros 22 amarelos que formam as luzes diurnas – ficam acesas durante o dia – e as setas.
Também não poderia ficar de fora a grade trapezoidal estilo bocão, com apenas uma moldura, que se tornou símbolo dos Audi modernos desde que foi lançada na versão W12 da geração anterior. O perfil e a parte traseira estão alinhados com os três volumes menores da Audi, como o A4 e A6. As lanternas são horizontalizadas, com 72 LEDs. Isso dá ao carro uma impressão de que ele é menos avantajado, uma vantagem para um modelo de dimensões nada contidas. De uma ponta a outra, o novo A8 mede 5,13 metros, com um entre-eixos de quase 3 metros - 2,99 m. O porta-malas comporta 510 litros. A largura é de 1,94 m enquanto a altura é proporcionalmente reduzida, com 1,46 m. Junto à linha de teto com uma queda suave, o carro tem um jeito de coupé de quatro portas. E sem deixar de lado a aerodinâmica, já que o A8 tem um dos Cx – coeficiente de penetração aerodinâmica – mais baixos entre os carros de passeio, de apenas 0.26.
Entre as novas tecnologias, o A8 também conta com um dispositivo de visão noturna, que “marca” os pedestres detectados em até 300 metros de distância. O carro pode até mesmo desacelerar sozinho, para evitar ou amenizar uma colisão se o motorista não reagir a tempo. Caso o sistema detecte o risco de uma colisão, o carro se prepara para o impacto e fecha vidros e teto-solar, além de acionar os pré-tensionadores dos cintos. Ao longo de 2010, a marca também irá oferecer um display em que é exibido o limite de velocidade da via.
Também estão incluídos controle de cruzeiro adaptativo – que mantém a distância do veículo da frente –, além de sensores na traseira que monitoram os pontos cegos do veículo, como no Volvo XC60. Uma câmera acima do retrovisor interno monitora a estrada, enquanto analisa as demarcações da pista e avisa o motorista – por meio de uma vibração no volante – se ele tentar mudar de faixa sem sinalizar.
Dentro do habitáculo os ocupantes gozam de uma atmosfera requintada, enriquecida por um nível de acabamento e montagem dignos de produções artesanais, além de elementos mais modernos, como a iluminação do ambiente, programável. No painel há uma tela retrátil – como na geração anterior – que integra o MMI, a interface multimídia da Audi. O sistema funciona em conjunto com o navegador GPS, e permite o controle de funções de uma forma mais intuitiva, com direito a tela sensível ao toque. Esse navegador é ligado em rede a outros sistemas de assistência ao motorista e também de segurança.
O painel, revestido em couro e com arremates em madeira de lei, se tornou mais envolvente, com inspiração nos iates. O quadro de instrumentos mantém os mostradores em forma de gota que ladeiam a tela de 7 polegadas cujas informações são controladas pelo volante multifunção. O console central chama a atenção pela sua grande inclinação, e conjuga os controles do ar-condicionado automático – que pode ter até quatro zonas de ajuste – e do comando do MMI, que funciona como uma espécie de mouse. Ao se acionar o sistema, uma tela de 8 polegadas se projeta do painel. Como toque de nostalgia há um pequeno relógio analógico incrustado logo abaixo da tela.
Há cinco opções básicas de cores para o interior em que predomina o couro, além de três revestimentos para o teto. Mas o grande destaque fica por conta da iluminação do ambiente, feita por LEDs que, em sua maioria, podem ter até três tonalidades escolhidas pelo condutor: marfim, branco polar ou rubi. Há um sistema de som opcional criado pela dinamarquesa Bang & Olufsen com 19 alto-falantes e 1.400 watts. As poltronas podem ser equipadas com funções de ventilação/aquecimento e de massagem. Para maior conforto dos ocupantes traseiros, os bancos podem ser individuais com ajustes elétricos. Nada é demais para o modelo que é uma vitrine para a marca. Mas será necessário esperar um pouco. O novo Audi A8 será lançado nos Estados Unidos no segundo semestre de 2010.