De Gaydon, Inglaterra - Não tem metralhadoras na grade nem bancos ejetáveis. Em compensação, tem o refinamento de um guarda-chuva no porta-malas e uma charmosa caneta embutida no painel. A chave de ignição não é nem de metal, nem de couro, mas de... cristal. Se a descrição fosse de um Rolls-Royce ou Bentley não assustaria muito porque são, afinal, modelos que se destacam pela sofisticação e o luxo. Aliás, espantariam se estivessem num esportivo. Mas não em um Aston Martin, pois a marca inglesa sempre conjugou requinte com esportividade.
O Vantage V8, um cupê de dois lugares, não foge à regra. Sua carroceria já diz tudo e o carro, parado, já transmite a sensação de velocidade e de que está pronto para pular. E pula mesmo, pois o motor é um V8 4.7 litros de 426cv, numa carroceria toda de alumínio, que pesa apenas 1.630kg. São surpreendentes 4,7 segundos para arrancar até 100 km/h e máxima de 290km/h. Números semelhantes aos de um Porsche 911 (aspirado, como o Aston).
Mecânica
O refinamento mecânico continua na suspensão: independente nas quatro rodas com leques duplos na frente e atrás, sistema antimergulho e barras estabilizadoras. E na transmissão: a caixa de marchas pode ser manual ou automatizada (Sportshift), com aletas no volante e situada na traseira (junto ao diferencial) para melhor equilíbrio de peso. Por falar em diferencial, ele tem limite de bloqueio.
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As belas rodas em liga leve são de 19 polegadas. Os quatro freios a disco são ventilados e são dezenas as letrinhas que os controlam, bem como a tração.
Acabamento
No interior sobra requinte. O couro é de primeiríssima qualidade e costurado à mão. Detalhes impossíveis num modelo produzido em grandes volumes. Não só o acabamento é artesanal, como também a mecânica. A carroceria, toda em alumínio, não tem suas partes fixadas umas às outras por soldas ou rebites, mas coladas. Solução que não é encontrada em nenhum outro carro do mundo.
Se o motor der problema, ai de quem o montou: cada um, quando fica pronto, recebe uma plaquetinha com o nome e a assinatura do engenheiro responsável por sua montagem...
Ao volante Acomodar-se ao volante do Aston é puro prazer, pois o banco envolve o motorista e a ergonomia é perfeita. A primeira coisa que impressiona ao se acelerar o Vantage é sua agilidade. A robustez e soluções de segurança da carroceria não se traduzem em quilos adicionais e, por isso, arranca (e retoma) empurrando o motorista contra o banco em praticamente qualquer rotação do motor.
Suspensão e freios aumentam o prazer de dirigir, mas são quase perigosos tamanha a sensação de controle que transmitem ao motorista. Dá até vontade de desafiar as leis da física só para ver o que acontece com a fera....
Mas se todo esse desempenho ainda não satisfaz o freguês, não tem problema: é só encomendar o Vantage V12 com 512cv, que vai até 100km/h em apenas 4,2 segundos e ultrapassa os 300 km/h.
Quanto? Por falar em encomendar, a primeira importação oficial da Aston Martin para o Brasil terá início em maio pelo empresário Sérgio Habib (ex-presidente da Citroën, importador Jaguar). Toda a linha será comercializada, mas o primeiro a chegar será o Vantage V8 Coupé com a caixa Sportshift, por R$ 700 mil. O modelo conversível chegará por R$ 780 mil. O show-room será em São Paulo, na Rua Colômbia, 799.
O último inglês
Na verdade, o carro deveria ter se chamado Bamford Martin, os sobrenomes de Robert e Lionel que instalaram uma oficina de preparação de automóveis, em 1908, em Kensington, na Inglaterra. Lionel ganhou sua primeira prova na famosa subida de montanha Aston Clinton. Em 1920, Bamford se retirou da sociedade e Lionel decidiu rebatizar a empresa de Aston Martin. Depois de vários problemas financeiros e troca de sócios, em 1948 foi adquirida (juntamente com a Lagonda) por David Brown, seu quinto proprietário. A marca ganhou vida nova e a partir daí os novos modelos foram batizados também como DB1, DB2, etc. O mais famoso da série foi o DB5, lançado em 1963 e usado por James Bond. Que voltou à marca em 2006 com o recém-lançado DBS.
Em 1981, a empresa foi adquirida por outro grupo inglês e, em 1987, passou para o controle da Ford até 2007, quando voltou para dois grupos financeiros liderados por David Richards. Atualmente, a Aston Martin é a única fábrica de automóveis britânica de grande volume ainda sob o controle de um grupo inglês.