De Buckinghamshire, Inglaterra - Não vai dar para James Bond reclamar: a Aston Martin acaba de apresentar a nova geração do Vanquish, seu “top of line”. Sucessor do DBS, ele agrega também soluções tecnológicas das recentes séries especiais One-77 e Zagato V12, mantendo o motor V12 de seis litros (retrabalhado para oferecer 573cv de potência e 63kgfm de torque) e o mesmo sistema de caixa de marchas na traseira, junto ao diferencial, para melhor distribuição de peso.
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Além do motor, tem muita tecnologia embutida no Vanquish, inclusive uma plataforma de alumínio colado integrada com componentes de composto de carbono e todos os painéis externos em fibra de carbono. Mr. Bond vai se safar mais fácil de situações perigosas pois a rigidez torcional do chassis foi aumentada em 25%, a aerodinâmica aperfeiçoada graças à carroceria totalmente em fibra de carbono e o centro de gravidade rebaixado. O estilo não difere muito do antecessor (DBS), porém é mais anguloso e arrojado. O Vanquish perdeu um pouco da sobriedade que sempre caracterizou a marca e há detalhes de gosto quase duvidoso, que mais parecem ter sido aplicados por empresas de tuning. O aerofólio sobre a tampa do porta-malas é um deles. O excesso de fibra de carbono aparente é outro.
CONFORTO O projeto se preocupou com o conforto do agente e de suas “Bond Girls”: o carro ganhou em largura, comprimento e porta-malas. Mas nem pensar em acomodar adultos no que a fábrica chama de “assentos traseiros”. Aliás, opcional menos hipócrita é pedir o espaço traseiro já desenhado para transportar pequenas bagagens. O interior continua sofisticadíssimo: puro couro, cromados e fibra-carbono. O som é Bang & Olufsen de 1.000 watts e quinze alto-falantes. Os vidros elétricos são automáticos só na descida. Para subir, a fábrica diz que a tecnologia de “antiesmagamento” ainda não está disponível no modelo. Pura economia de palito num GT que pretende disputar o pódio entre esportivos como Ferrari, Maserati, Porsche e que tais.
O largo console central é uma longa peça única, com toques de extrema modernidade incompatível com o contraponto de soluções inacreditavelmente convencionais. Os controles climáticos e de infoentretenimento são desenhados sobre o cristal negro, do tipo “screen touch”. Chiquíssimos. Em contrapartida, os botões do comando da caixa de marchas (P, N, R e D) me fizeram lembrar do Chrysler 300 da década de 1950. Como em outros Aston, a linda chave de ignição é quadrada e em cristal. Mas, não se lembraram do charme de uma caneta embutida no console (como no Vantage), mas apenas do guarda-chuva no porta-malas...
Diversão sofisticada
Dirigir o Vanquish revela o acerto do projeto nas respostas dinâmicas. Mas não em todas. Potência ele tem de sobra e vai a 100km/h em 4.1 segundos (o DBS, em 4.8) e a máxima é limitada em 295 km/h. Existem três opções de comportamento na suspensão pelo sistema ADS (Active Damping System). Na Normal, ele proporciona excelência nas curvas de alta e faz o que pode nas de baixa, para compensar o tamanho (4,70 metros) e o peso (1.740 quilos) do bólido. Mas, a excelência bate asas em pisos irregulares, provavelmente em função das enormes rodas (standard) de 20 polegadas, que exigem pneus de perfil minúsculo. Mas se Mr. Bond estiver em apuros, pode optar pela Sport, que gruda o carro no chão. Ou então vai para Track, fazendo o esportivo virar um kart e aí... haja bum bum e coluna.
Além do controle da suspensão, o motorista comanda também todo o comportamento dinâmico pelo DSC (Dynamic Stability Control) nas mesmas três opções que, nesse caso, interferem na direção, no acelerador e no ponto de troca de marchas. Com um charme extra: ao passar para Sport, abre-se uma válvula no escapamento e o som do motor vira sinfonia.
EFICIÊNCIA Os freios, com discos de cerâmica, têm eficiência assustadora, como convém a uma esportivo de raça. A direção agrada mas ainda mantém o sistema de auxílio hidráulico, enquanto o elétrico já vai tomando conta do pedaço. O diferencial tem deslizamento limitado, o que também ajuda nas curvas. Aliás, o projeto incluiu no carro todos os dispositivos de segurança (ativos e passivos) disponíveis no mercado mundial.
A caixa de marchas está bem colocada, na traseira, junto ao diferencial. Solução que contribui para a excepcional (51/49) distribuição de peso. Mas só existe na versão automática convencional, com seis marchas. Se não estiver ocupado com sua Bond girl, o agente 007 pode se divertir cambiando manualmente por alavancas (aletas) sob o volante. Mas a sofisticação da marca exigiria um câmbio de dupla embreagem. Ou as mesmas sete ou oito velocidades de outros esportivos do gênero. Ainda mais agora que já se anunciaram as caixas de dez marchas.
Mas, se James Bond quiser mesmo fazer bonito na porta do restaurante, é só acionar um dispositivo disponível pela primeira vez num Aston: o Launch Control, que desliga todas os controles de tração e limitadores sabe-se lá do que mais e faz o carro arrancar cantando pneus e queimando borracha até as lonas.
QUANTO? O Vanquish começa a ser vendido até o final do ano na Europa e em outros países, inclusive no Brasil, no decorrer de 2013. Seu preço é de 235 mil euros, praticamente o mesmo de seu antecessor, o DBS. Convertidos para reais, e estimando-se os impostos brasileiros, ele deverá custar aqui em torno de R$ 1,4 mil.