Comprar um carro de duas cabeças pode representar lucro ou prejuízo. Elas podem significar a felicidade de alguns e a decepção de outros. Não fazem mal a ninguém, mas exigem observar certos critérios na aquisição. Portanto, fique atento para não lamentar o desperdício antes de se aventurar. Por outro lado, a aventura pode ter final feliz, caso o comprador tenha a paciência para uma negociação benfeita.
Monstro vira anjo
O vendedor pode até insistir que os dois modelos são idênticos. E o consumidor só vai perceber que foi lesado alguns anos depois, ao trocar o "monstrinho" por um outro zero.
Ao entrar no showroom, o interessado pode se deparar com dois carros aparentemente iguais. É que ambos são modelos 2012, só que um deles foi produzido em 2011, enquanto o outro nesse ano. Não tem diferença, certo? Errado. É preciso ficar de olho: alguns vendedores podem apregoar o modelo mais antigo com base na similaridade com o novo: “não muda nada” é a frase. Só na hora de vender o carro duas cabeças é que se pode deparar com uma desvalorização, ainda que a tabela Fipe leve em consideração o modelo e não o ano. “Além da possível desvalorização, existe um percentual menor de pessoas que não compram carros de duas cabeças”, explica Marcelo Maria de Souza, da agência ADM Automóveis. A tendência de desvalorização atinge até automóveis que têm a mesma cara do zero quilômetro.
No documento do Detran constará o ano de produção e do modelo. Para ajudar a vender a linha 2011/2012, concessionárias dão descontos que chegam aos 9% ou 10% em relação ao preço de tabela dos modelos 2012/2012. Um Chevrolet Celta LS básico (duas portas) 2011/2012 pode ser comprado por R$ 23.990, cerca de R$ 2 mil a menos que a tabela sugerida. O Fiat Mille Economy duas portas, por sua vez, sai a R$ 21.990, enquanto a sugestão do fabricante é de R$ 23.650.
CAUTELA Só que nem sempre o desconto significa um negócio da China. Muitas vezes, a pechincha fica apenas na teoria, já que, dificilmente, um carro é vendido pelo mesmo valor indicado na tabela. O que diminui a diferença entre um carro 12/12 e outro 11/12. Ou seja, não caia no papo do desconto de “pai para filho” e peça mais vantagens.
É o caso do Fiat Siena, cuja nova geração já está sendo produzida pela Fiat. O modelo pode ser encontrado na versão de entrada, a Fire, 2011/2012 por R$ 26.990, contra os R$ 30.680 da tabela. Só que o Fire com a carroceria antiga sairá de linha, deixando apenas o EL como representante da atual geração. Segundo a Fipe, a versão de entrada do sedã compacto perde 11,3% do seu valor ao ano e, com a mudança, deve depreciar mais um pouco. Lembrando que a desvalorização pesa mais se o comprador ficar apenas um ano com o modelo, diminuindo com o passar do tempo.
OFICIAL Os importados também passam pelo fenômeno, como o Audi A1, que pode ser encontrado por R$ 79.900 face os R$ 89.900 da tabela. Quando chega a linha 2012/2012 ou 2012/2013, os descontos cessam ou os preços aumentam. Isso acaba se tornando um forte argumento de vendas, já que muitas vezes não há alterações entre uma linha e outra.
Este mês os modelos 2012/2012 já aparecem nas concessionárias. “Eu procurei para um cliente um Toyota Corolla XLi 2011/2012 e só encontrei os modelos feitos em 2012”, conta Marcelo Souza da ADM Automóveis. Só que também tem ocorrido a antecipação do lançamento dos modelos do ano seguinte, o que ajuda a popularizar o carro de duas cabeças. Antes realizados normalmente no segundo semestre, a partir de julho, essas estreias têm ocorrido ainda no primeiro trimestre. A saída é regatear, sempre. Até porque não existe monstrinho feio, você é que negociou pouco.