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Antigos do Brasil - Carro, geladeira ou moto?

Compacto, leve, econômico e ágil, apesar de ter sido o primeiro automóvel produzido no país, o Romi-Isetta reunia vantagens que os veículos urbanos de hoje ainda almejam

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Foto:

Barulho no lançamento - o modelo fez carreatas em várias cidades, como o Rio de Janeiro

Um carro em que se entra pela frente, com eixos de bitolas diferentes, volante na porta, tampa do motor na lateral, alavanca de câmbio e freio de mão do lado esquerdo, 2,30 metros de comprimento, 1,34m de largura, 1,32m de altura e apenas 330 quilos. É impossível ficar indiferente ao projeto do Romi-Isetta. Suas linhas arredondadas são extremamente carismáticas.

O modelo nasceu na Itália do pós-guerra, quando a Iso (empresa que fabricava motocicletas e refrigeradores) queria produzir um veículo simples e barato que fosse mais confortável que uma motocicleta e mais barato do que os automóveis convencionais. O modelo foi lançado naquele país em 1953 com o nome de Isetta, um diminutivo de Iso. Em 1955, sob licença do fabricante italiano, a BMW começou a produzir o carrinho na Alemanha. O modelo ainda foi fabricado em outros países, como Espanha e França.

Veja mais fotos de época da Romi-Isetta!

A primeira motorização usada no Brasil foi a da Iso, um propulsor dois tempos de motocicleta de 200 cm³ de cilindrada, de 9cv, velocidade máxima de 85km/h e consumo de 25km/l. Depois o motor foi substituído por um da BMW de 300cm³ de cilindrada e 13 cv de potência.

Pioneiro

No Brasil, o compacto começou a ser fabricada em 1956 pelas Indústrias Romi (empresa que fabricava máquinas agrícolas) usando o ferramental vindo da Itália, onde o modelo deixou de ser fabricado. Como nesta época não havia uma indústria automotiva nacional, reinavam por aqui apenas modelos importados. E o Romi-Isetta foi justamente o primeiro automóvel fabricado no Brasil, já que até então um ou outro modelo era apenas montado por aqui, como o Fusca.

Para divulgar a Romi-Isetta, foi realizada uma corrida em Interlagos



Decepção

E criar essa indústria foi um das prioridades do governo Juscelino Kubitschek, que institiu o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia) para cuidar do assunto. Algumas fotos que ilustram esta página mostram a festa de lançamento do modelo no Brasil, mas não foi dessa forma que a empresa recebeu a notícia de que o Geia não havia concedido incentivos ao projeto. Isso porque o carro não se enquadrava nos requisitos exigidos, como ter capacidade para quatro ocupantes e, no mínimo, duas portas. Com isso o Romi-Isetta ficou caro em relação aos concorrentes, perdendo muito em competitividade. Tudo porque os atributos do modelo, compacto, leve, econômico e ágil, ainda não eram valorizados naquela época. Sua produção não durou muito, foi encerrada em 1961. Ao todo foram fabricados 3 mil modelos no Brasil.