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Antigos do Brasil - A saga do jipessauro

Produzido no Brasil a partir de 1962, o Toyota Bandeirante tinha como principais características a robustez e a durabilidade, mas parou no tempo e saiu de linha

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A Toyota do Brasil Indústria e Comércio Ltda foi fundada em janeiro de 1958, em São Paulo, onde produzia veículos fora de estrada. O primeiro modelo da marca montado em território nacional foi o Land Cruiser, que tinha motor seis cilindros a gasolina, de 3.8 litros e 123cv de potência. Em 1960, a Toyota reformulou o projeto e passou a equipá-lo com um quatro cilindros a diesel, o OM 324 da Mercedes-Benz. Mas foi em 1962 que a Toyota inaugurou suas novas instalações e introduziu no mercado um jipe robusto, equipado com propulsor a diesel, denominado Bandeirante.

O modelo era comercializado com quatro tipos de carroceria: picape, jipe com capota de lona e de aço e perua, que na verdade era um jipe mais alongado. O motor era o mesmo Mercedes-Benz OM 324 de 78cv e 19,6kgfm de torque. O câmbio tinha quatro marchas à frente, sendo a terceira e quarta sincronizadas. A tração era permanente nas quatro rodas e o freio de estacionamento atuava sobre o eixo cardã.

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O Toyota Bandeirante ficou conhecido por ser um veículo rústico indicado especialmente para condições severas de trabalho. Não oferecia conforto e o desempenho era apenas satisfatório. O motor a diesel, extremamente ruidoso, não chegava a ser dos mais econômicos. O jipe era o mais curto, com 3,79m de comprimento e, por ser mais leve, apresentava melhor consumo de combustível. Já a perua, com 4,26m de comprimento, tinha boa capacidade de carga, enquanto a picape transportava até 1.000 quilos.

TROCA-TROCA
Desde o lançamento até 1976, o Toyota Bandeirante praticamente permaneceu sem alterações, parado no tempo. Apenas o motor foi substituído pelo OM 314, também da Mercedes-Benz, um 4.0 litros de quatro cilindros a diesel de 85cv. Em 1990, outra mudança na motorização: o modelo passou a ser equipado com o Mercedes-Benz OM 364, de 90cv. Mas os propulsores da marca alemã eram um dos pontos fracos do Bandeirante, embora fossem de fácil manutenção e de longa durabilidade. Além disso, provocam trincas em partes da carroceria devido ao peso. Então, em 1994, o modelo ganhou o motor Toyota 14B, um quatro cilindros a diesel de 3.7 litros mais leve, que chegava a 96cv a 3.400rpm.

Maior do que o jipe Willys, o Toyota Bandeirante era o verdadeiro pau para toda obra. Os modelos equipados com os motores Mercedes-Benz tinham muito torque em baixa rotação, detalhe que garantia desempenho impecável em terrenos escorregadios e irregulares. A relação de marchas da transmissão também contribuía para a boa performance. A primeira, muito curta, transformava o jipe em um legítimo trator. Durante muito tempo, o sistema de freios do Bandeirantes foi dotado de tambores nas quatro rodas. Os discos só chegaram às rodas dianteiras em meados dos anos 1990.

A série especial Sport marcou a despedida do Bandeirante em 2001, após 39 anos e 103.750 carros produzidos



Mas a história do Toyota Bandeirante teve fim em 2001, quando a produção na fábrica do Brasil foi definitivamente encerrada. O modelo morreu como um velho dinossauro, ultrapassado, apesar de ser seguido por uma verdadeira legião de fãs. Em quatro décadas foram produzidas 103.750 unidades do modelo.

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