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Altitude pode influenciar no desempenho do veículo

Ao chegar ao Rio de Janeiro, o motorista acha que o carro está rendendo mais. De volta a BH, ele reclama da perda de desempenho. O problema está na diferença de altitude

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Dependendo da região de Belo Horizonte, a diferença de altitude entre a cidade do Rio de Janeiro e a capital mineira pode chegar a 1.000 metros. Pode parecer pouco para que isso chegue a afetar o desempenho do carro, mas alguns engenheiros trabalham com a seguinte tabela para motores aspirados (que não têm turbo ou outra forma de sobrealimentação): a 1.000m, a redução da força (torque) é de 10%; a 2.000m, a queda atinge 23%; e, em 2.500m, chega a 31%. Ou seja, essa perda de 10% poderá ser bastante sentida nos carros que têm motores menores e menos potentes (1.0, por exemplo), principalmente quando estão em viagem de férias, com o veículo carregado. É importante lembrar que o turbo (que força e entrada de ar no motor) pode fazer a diferença nessa situação.


Por isso, chega a ser uma cena comum o motorista voltar de uma viagem ao Rio e procurar uma oficina (de concessionária ou independente) reclamando que o carro perdeu rendimento, quando na verdade o que o veículo teve foi uma melhora de desempenho quando rodava ao nível do mar. O mecânico então procura daqui, procura dali e não acha nada. Portanto, ao fazer uma viagem de BH para o litoral, lembre-se de que o desempenho vai melhorar. O contrário também é verdade, ou seja, se for para aquelas cidades com altitudes elevadas, o rendimento vai cair.

O BICHO PEGA Na América do Sul, existem várias cidades localizadas acima de três mil metros de altitude e que estão no roteiro de muitos viajantes nestas férias, principalmente dos amantes de aventuras fora de estrada. Na verdade, alguns engenheiros são categóricos em afirmar que até 2.500 metros de altitude a maioria desses carros vai bem. Acima disso é que o bicho começa a pegar, pois como o oxigênio é necessário para queimar o combustível e ele é mais escasso nessas altitudes, o motor vai trabalhar com a chamada mistura rica, que vai aumentar o consumo e a emissão de gases poluentes. O sistema de refrigeração também fica mais sensível a um possível superaquecimento.

SUPERAQUECIMENTO Antes de subir a montanha, o dono do carro deve fazer uma revisão do sistema de refrigeração, que fica sobrecarregado nessas condições. É preciso checar o estado do líquido de arrefecimento, que deve estar com o nível correto e a mistura água e aditivo com etilenoglicol, que eleva o ponto de ebulição na proporção certa. Também é necessário verificar o estado das mangueiras, da bomba d’água e do radiador e, caso seja necessário, fazer uma limpeza geral no sistema (trocar líquido, braçadeiras etc.). Durante a viagem, não force o ritmo e fique de olho no ponteiro da temperatura.

EXCESSO DE PESO Já que o motor será bastante exigido nessas altitudes, o dono do carro deve evitar carregar o veículo com muito peso, pois isso vai resultar em perda muito grande de rendimento, o que pode ser fatal em uma ultrapassagem ou até mesmo em uma simples subida de rampa. Evite levar tralhas desnecessárias.

NÃO SE DESESPERE O motorista precisa ter consciência do problema da perda de potência do carro e não se desesperar diante de alguns sinais da central eletrônica que comanda a injeção. Em uma pesquisa na internet apareceram diversos relatos de problemas eletrônicos em viagens em grandes altitudes. Na maioria deles, o computador de bordo acusa uma falsa “avaria no motor”, que simplesmente desaparece, assim como os sintomas, à medida que o carro vai descendo a montanha.

MÁQUINA HUMANA Nessas situações, motorista e passageiros sofrem do “mal da montanha”, que pode ser traduzido como os efeitos causados pela dificuldade do organismo em absorver oxigênio para suprir as necessidades impostas ao nosso corpo em lugares de altitudes elevadas. Essa falta de oxigenação pode causar diversos problemas, dos mais simples (dores de cabeça, tontura, falta de apetite, insônia e enjoo nos primeiros dias) aos mais graves (edema pulmonar ou cerebral). Por isso, é preciso ficar atento aos sinais apresentados pelo organismo (grande dificuldade respiratória, expectoração com sangue, pressão ou dor no peito, náuseas, vômitos, dor de cabeça que não desaparece com analgésicos etc.) para evitar a evolução para quadros mais críticos. A melhor maneira de se evitar o “mal da montanha” é a correta aclimatação antes de subir e que seja feita uma subida gradual.

REDUZINDO OS EFEITOS Algumas dicas podem ajudar a diminuir os problemas enfrentados nas grandes atitudes: somente use medicação por recomendação médica, evite esforço físico desnecessário, mantenha-se bem agasalhado, beba de três a quatro litros de água por dia, faça passeios em ritmo lento, evite comidas gordurosas e a ingestão de bebidas alcoólicas. Caso não funcione, procure um médico para um tratamento adequado.