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Alfa Romeo 4C Concept - Massagem cardíaca

Para ressuscitar o cuore esportivo e escapar da crise, a marca milanesa apresentou modelo disfarçado de conceito no Salão de Genebra, mas pronto para entrar em produção

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Em 100 anos, a Alfa Romeo ficou marcada pelos seus esportivos acessíveis, capazes de levar o motorista no dia a dia e ainda podiam fazer bonito nos fins de semana nas pistas. Uma tradição que anda em baixa até aos olhos da companhia milanesa, que enfrenta uma de suas maiores crises sob a gerência do grupo Fiat. A Alfa até tem o 8C Competizione, que sobrevive na versão Spyder, mas esse cumpre o papel de carro de imagem, quase um Maserati no motor V8 4.5 de 450cv e no preço de 175mil euros, cerca de R$ 400mil. Para cobrir essa lacuna, a Alfa Romeo apresentou no Salão de Genebra o 4C Concept. O conceito não serve apenas como manequim e será produzido em 2012, na medida para agradar o mercado norte-americano, onde a Alfa vai retornar em grande estilo, graças à parceria entre Fiat e Chrysler. O esportivo faz parte da renovação da marca que inclui lançamentos como os novos Brera, Spyder e o sucessor do 159, Giulia, todos possivelmente com tração traseira, abandonada em 1992 com o fim do médio 75.

Olhando para o 4C, tem-se a impressão de que o conceito é um 8C pela metade, como a simples aritmética aponta. Impressão é reforçada pelas similaridades em elementos como os faróis bolha, a grade rebaixada em forma de coração (cuore), os para-lamas curvilíneos e as lanternas circulares em LEDs. Já em mecânica tudo é diferente. Em vez de um oito cilindros central-dianteiro, o 4C trabalha com a metade disso: um quatro em linha central-dianteiro, posição comum a supercarros, mas que foi inspirada mesmo no Lotus Elise, espelho original em termos de porte e proposta. Tal como o Lotus, o 4C é enxuto, com apenas quatro metros de comprimento e 2,40m de entre-eixos, o que promete agilidade semelhante ao do esportivo britânico, considerado um dos carros de melhor dirigibilidade do mundo. O Alfa 4C Concept seguiu a cartilha da Lotus — e do criador da marca Colin Chapman — também em relação ao peso, baixo graças ao uso de fibra de carbono na carroceria e de alumínio na estrutura. Resultado: o 4C marca apenas 850kg na balança, peso inferior ao de um Fiat Uno, distribuídos entre 40% a frente e 60% atrás.



CUORE O motor 1.750 (um número que remete a linha 1750 surgida em 1967) tem injeção direta, duplo comando variável de válvulas e turbo de alta pressão. É o mesmo propulsor que movimenta a versão Quadrifoglio verde do hatch médio Giulietta, enquanto o câmbio manual automatizado TCT de dupla embreagem e seis marchas veio do compacto MiTo. A marca ainda faz segredo sobre os números e fala em potência superior a 200cv — no Giulietta o motor gera 235cv e 34,6kgfm de torque. A Alfa não deixa de adiantar que o 4C vai aos 100km/h em menos de cinco segundos, com velocidade máxima superior a 250km/h.

Por dentro, um lugar de trabalho. Dois bancos concha revestidos em couro vermelho são divididos apenas por um fino console. Confortos, apenas os previsíveis, como ar, direção e trio elétrico. Tudo para se obter um preço relativamente em conta de até 40 mil euros, ou R$ 93 mil, mais barato que concorrentes como o Porsche Cayman, que parte de 50.790 euros por lá. Uma forma do cuore esportivo voltar a bater em mais corações – e garagens.

Estilo da traseira com lanternas circulares em LEDs toma emprestado o visual do 8C