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A maçã e as rodas

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Falecido no dia 5, o empresário norte-americano Steve Jobs não deixou órfãos apenas os donos de aparelhinhos e computadores da Apple. Polêmico e famoso, Jobs criou alguns dos eletrônicos mais desejados dos últimos 30 anos, do Apple II de 1977, o primeiro computador pessoal de grande tiragem, ao iPad de 2010, que virou sinônimo de tablet na mesma medida que o iPod de 2001 é o tocador digital de músicas mais famoso. A influência de Jobs e sua equipe foi além dos eletrônicos e virou moda até no mundo automotivo, como você pode ver nos exemplos que reunimos no Vrum.

QUADRADO

Em desenho, as formas retas com bordas arredondadas não foram inventadas pela Apple. Só que os eletrônicos da marca popularizaram o estilo enxuto e, ao mesmo tempo, moderninho. A moda já pegou nos carros estrangeiros há anos, como bem prova o Nissan Cube de 2002. E desembarcou por aqui no novo Fiat Uno em 2010, que pegou com a ajuda da tendência de design. Lá fora, esses modelos são voltados para o público jovem, que tem direito até a marca própria, como a Scion da Toyota. Essa geração, chamada de Z, nasceu a partir da década de 1990 e, além de clientes vorazes da Apple, provavelmente será composta por novos consumidores de massa dos elétricos.

E-CELL


Na mesma época em que os eletrônicos tomam conta do cotidiano, os carros elétricos começam a se tornar mais viáveis e não deixam de fazer a associação com os gadgets. É o que mostrou o presidente da Daimler AG, Dieter Zetsche, que ao apresentar o elétrico SLS AMG E-Cell no Salão de Detroit falou que o carro “era mais legal que um iPod”. Marcado para entrar em produção em no máximo dois anos, o superesportivo elétrico tem energia equivalente a 533cv, o que permite ao cupê ir aos 100km/h em cerca de quatro segundos, o suficiente para arrancar no encalço da versão V8 6.2 a gasolina de 571cv. Se é mais legal, não sabemos, mas chegamos à conclusão que é bem mais rápido que qualquer smartphone.

NINHO DO AMOR

O comediante americano Billy Gardell concordaria. Ao menos é o que deixa claro no seu show de stand-up comedy Halftime (Meio período), em que a importância dos aparelhos da Apple entre os jovens é apontada como um erro. “Eu digo aos mais jovens: invistam em seus carros. Ninguém jamais transou nas costas de um iPhone.” Uma piada que não diminui o apelo do aparelho, até entre as marcas.

COLABORAÇÃO

Falando em smartphone, o iPhone é quase um canivete suíço, tem aplicativo para tudo. E as marcas já se tocaram das possibilidades. A Nissan permite que vários parâmetros do elétrico Leaf sejam controlados do telefone da Apple, permitindo controlar a recarga, ligar o ar-condicionado e mais. O Chevrolet Volt segue esse caminho. A BMW tem um aplicativo que pode fazer a telemetria de dados do carro. Segundo o jornal britânico Financial Times, o próprio Steve Jobs se aproximou em 2007 da Volkswagen em encontros com o chefão do grupo, Martin Winterkorn. Até levantaram a possibilidade de um modelo projetado em parceria, mas o resultado mais realista se vê nos conceitos da marca, como a série do Up!, em que um tablet faz o papel de central multimídia, com acesso a internet, podendo ser destacado e levado.

APLICATIVOS


E toda marca que se preze cria aplicativos para o trio iPhone, iPod e iPad, demonstrando produtos ou, até mesmo, disponibilizando manuais, como a Hyundai fez para o luxuoso Genesis nos Estados Unidos. Mas nenhum aplicativo é tão interessante quanto o demonstrado pela VW – olha ela aí de novo –, que mostrou no último Salão de Frankfurt, em setembro, um Touran capaz de estacionar sozinho em uma vaga, sem a presença do motorista, que fica de fora controlando tudo com seu iPhone – uma evolução do sistema Park Assist da Valeo. É como o filme 007 – O amanhã nunca morre, de 1997, no qual o espião britânico interpretado por Pierce Brosnan pinta e borda com um BMW 750iL controlado remotamente por um celular Ericson.

ALEMÃES

A aproximação com a gigante alemã tem explicação: Jobs era um grande fã da engenharia germânica. Nos últimos anos, deu preferência aos modelos da Mercedes-Benz, junto com um eficiente Toyota Prius, coqueluche entre os engajados nos Estados Unidos. Só que o vegetariano já teve outras paixões mais latentes, como motos da BMW e, principalmente, esportivos da Porsche. Tal como o histórico rival Bill Gates, Jobs enriqueceu e logo deu vazão ao desejo de ter uma máquina de Stuttgart. Sabe-se apenas que nenhum dos dois observava as regras de trânsito, excedendo limites de velocidade. Além das já clássicas infrações recorrentes de Jobs: andar sem placa (como bem prova a sua Mercedes-Benz SL 55 AMG) e estacionar em vagas para pessoas com necessidades especiais.

CARROS


Coisa de quem tinha cabeça quente. Um dos motivos que o levaram a sair da Apple e comprar a empresa de computação gráfica Pixar em 1986, direto das mãos do cineasta George Lucas. Sem prosperar tanto na área, a Pixar acabou se tornando um estúdio de animação, que ficou nas mãos de Jobs mesmo após o seu retorno à Apple em 1997. Em 2006, ele vendeu a companhia para a Disney e recebeu 7% do grande estúdio em troca. No mesmo ano, a Pixar lançou a animação Carros, uma ode ao mundo automotivo. A última criação feita sob a tutela de Jobs.