Quando tinha sete anos, Luiz Carlos de Almeida já não conseguia esconder sua paixão por automóveis. A forma encontrada para expressar esse sentimento, na época, foram os desenhos. Os primeiros, com formas lúdicas, já demonstravam que a criança tinha talento. Porém, o tempo passou, o sonho permaneceu, e já homem feito, Luiz resolveu apostar na arquitetura, curso no qual se formou pela UFMG em 1973. Naquela época, ele montou suas primeiras maquetes, miniaturas de carros que demonstravam sua capacidade criativa. Mas era apenas o começo.
Os primeiros carrinhos foram feitos com lata de banha cortada e, posteriormente, em balsa, madeira usada em aeromodelismo. As maquetes evoluíram, assim como o sonho de Luiz Carlos de ingressar no mundo automotivo. Em 2006, o então arquiteto concluiu o curso de pós-graduação em design automotivo pela Fumec, e nessa época já reunia uma verdadeira coleção de carros, porém moldados em isopor.
O designer revela que para desenvolver seus projetos faz inicialmente os esboços em papel, depois passa para o computador e em seguida parte para a modelagem. “Algumas maquetes usam parte de carrinhos de brinquedo, como a plataforma e as rodas, mas a carroceria é feita de isopor”, explica. Em alguns casos, Luiz desenvolve projetos partindo de modelos já existentes, preservando as principais características da marca, mas aplica elementos inéditos, que imprimem a sua identidade. Ele define as linhas do carro, modela a frente, a traseira e uma lateral no isopor. Depois a maquete é enviada para o também designer Fernando José Campomori Moreira, que finaliza os trabalhos de acabamento, montagem e pintura.
FUTURISTA
Ao observar as maquetes feitas pelo designer, nota-se que os carros seguem uma tendência comum nos dias de hoje, com teto arqueado, linha de cintura elevada e área envidraçada restrita. Ele afirma que há mais de 20 anos vinha projetando carros com essas linhas aerodinâmicas, comuns nos carros atuais. “A ideia é aumentar a área de lataria e diminuir a envidraçada, enfatizando a volumetria e reforçando a imagem de robustez”, revela. Esse aspecto futurista percebido por ele há mais de duas décadas é tendência hoje.
Fazendo uma análise do desenho dos automóveis, Luiz Carlos lembra que inicialmente os carros eram mais altos, depois foram baixando e, atualmente, voltaram a crescer, priorizando conforto e espaço interno sem abrir mão do aspecto aerodinâmico, destacado pelas superfícies mais lisas e linhas ascendentes.
Os carros projetados pelo arquiteto/designer preservam a identidade da marca, mas agregam novos elementos. Ele destaca entre as mais de 100 maquetes um carro elétrico da Nissan, que usa a plataforma do Tiida. Trata-se do Tóquio, um modelo que ele considera fácil de viabilizar. O outro é um minicarro elétrico, também da Nissan, mas que foi concebido a partir do
zero. “Batizei-o como Light e pretendo mostrá-lo para o empresário Eike Batista, que tem potencial financeiro para comprar a ideia e produzi-lo”, vislumbra o designer. Mas ele fez também modelos de outras marcas e estilos, como o pequeno elétrico Fiat Nino, o SUV Alfaterra e a Mercedes Aron, que ele desenvolveu especialmente para presentear o amigo de mesmo nome.
O sonho de Luiz Carlos atualmente é mostrar para as montadoras que ele é capaz de oferecer projetos de alta qualidade, a baixos custos em tempo recorde. Mas ele revela que todas as tentativas foram frustradas, pois nunca teve a oportunidade de mostrar seus projetos. “Será que novos projetos serão sempre vetados por não terem nascido dentro dos centros de estilo das montadoras?”, pergunta. Porém, Luiz Carlos não perde a esperança e acredita que um dia vai realizar seu sonho de ver um de seus projetos saindo da linha de montagem de uma grande fábrica.