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Prefeitura de Jacareí ameaça desapropriar fábrica da CAOA Chery

Montadora tem 45 dias para apresentar plano de reativação da unidade ou poderá perder a posse do terreno

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Caoa Chery Tiggo 5x rodando em estrada
Caoa Chery Tiggo 5x rodando em estrada Foto: orge Lopes/EM/D.A Press

A fábrica da CAOA Chery em Jacareí (SP), desativada desde 2022, voltou ao centro das atenções após a prefeitura da cidade anunciar que poderá desapropriar o terreno onde a unidade está instalada. A medida foi comunicada oficialmente à montadora, que agora tem 45 dias para apresentar um plano viável de reativação da planta ou de uso produtivo da área.

Inaugurada em 2014, a unidade foi a primeira da Chery fora da China e, após a formação da joint venture com o grupo CAOA, passou a produzir modelos como o Tiggo 3x, o Tiggo 5x e o Arrizo 6. No entanto, as atividades foram suspensas há três anos, com a promessa de que a planta seria modernizada para a produção de veículos híbridos e elétricos — o que ainda não aconteceu.

Caoa Chery Arrizo 6 Pro branco, de frente, estacionado em local fechado
Caoa Chery Arrizo 6 chegou ao Brasil em 2020 Foto: Caoa Chery/Divulgação

A prefeitura alega que a empresa descumpriu os compromissos firmados em 2010, como a geração de três mil empregos e o uso contínuo da área para fins industriais. “Partimos para o litígio”, declarou o prefeito Celso Florêncio (PL), ao afirmar que o município já investiu cerca de R$ 46 milhões em infraestrutura para viabilizar a operação da fábrica.

A área da CAOA Chery em Jacareí tem valor estimado em R$ 63 milhões. Caso a montadora não se manifeste dentro do prazo, a administração municipal poderá abrir processo de desapropriação por interesse público, pagando a diferença entre o valor investido e o valor atual do terreno — cerca de R$ 17,7 milhões.

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Caoa Chery Tiggo 5X Sport Foto: Divulgação

Em 2025, parte da estrutura foi repassada à Acteco Brasil, braço responsável por Omoda e Jaecoo, mas o acordo não resultou na retomada da produção. Enquanto isso, a prefeitura estuda outras medidas legais, como a aplicação de IPTU progressivo, revisão de incentivos fiscais e até leilão do imóvel, caso não haja acordo com a empresa.

O impasse expõe um dilema comum a várias cidades que apostaram na indústria automotiva como motor de desenvolvimento: o descompasso entre promessas corporativas e sua execução efetiva. Se não houver uma definição nos próximos dias, Jacareí poderá se tornar o primeiro município brasileiro a desapropriar uma fábrica de veículos por inatividade.