A customização de veículos é uma prática muito popular no Brasil. Esse processo é muitas vezes "inofensivo" e conta com alterações simples, como adição de películas nos vidros (insulfilm), adesivos decorativos e outros acessórios que deixam o carro "a cara" do seu dono. Porém, existem modificações mais severas, envolvendo peças fundamentais do motor, suspensão e, principalmente, o conjunto das rodas e pneus que podem prejudicar – e muito – a segurança do seu veículo.
Segundo o consultor de tecnologias inovativas da Pirelli, Roberto Falkenstein, "a personalização de carros é uma forma de expressão pessoal e pode adicionar estilo e individualidade ao seu veículo. No entanto, é importante lembrar que a segurança deve ser a prioridade número um ao realizar qualquer modificação. E a modificação de um item tão crucial, como rodas e pneus, que relembro, são os únicos pontos de contato do carro com o solo, é realmente perigosa e deve ser evitada".
Quais os grandes perigos das modificações severas destes componentes?
Falando especificamente das rodas e pneus, alterar o tamanho – fora das proporções específicas – pode afetar o desempenho do veículo, incluindo as capacidades fundamentais de frenagem e aderência. Além disso, mudanças radicais nos componentes podem impactar a dirigibilidade, tornando o veículo mais difícil de controlar e potencialmente mais perigoso. Essa combinação aumenta o risco de acidentes, especialmente em condições adversas, como chuva ou estradas escorregadias.
Roberto ainda faz outro alerta: “Se a personalização aumentar o peso do veículo, fique de olho nos pneus. Pode ser que seja necessário trocá-los por outros que suportam mais carga. Há de se fazer isso quando se blinda o automóvel ou se alonga a carroceria, por exemplo”.
Além de perigosas, modificações infringem a Legislação de Trânsito Brasileira
Além dos riscos à segurança, a personalização extrema de itens dos veículos também pode resultar em infrações às leis de trânsito brasileiras. Isso porque o Código de Trânsito Brasileiro estabelece regras rigorosas relacionadas ao tamanho das rodas, pneus e à projeção dos pneus além dos para-lamas.
De acordo com a legislação do CONTRAN nº 916, de 28 de março de 2022, "ficam proibidas a utilização de conjunto roda/pneu que ultrapasse os limites externos dos para-lamas do veículo ou que em qualquer condição de uso, especialmente nas condições extremas de funcionamento dos sistemas de suspensão e direção, tais como esterçamento máximo para ambos os lados, extensão máxima e contração máxima do curso da suspensão, possa entrar em contato com qualquer elemento da carroceria, suspensão ou qualquer outra parte do veículo".
Além disso, há o destaque para que não seja permitido "o aumento ou redução do diâmetro externo do conjunto roda/pneu além da tolerância de mais ou menos 3%, a ser aplicada sobre o valor, em milímetro, do diâmetro externo do conjunto roda/pneus original de fábrica do veículo em questão". Em caso de infração das leis, haverá aplicação de multa de natureza grave, no valor de R$ 195,23 e cinco pontos na CNH do condutor.
Como realizar modificações seguras e legais perante a lei?
Para Falkenstein, é possível alcançar um equilíbrio entre a personalização e a segurança, optando por modificações que estejam em conformidade com as regulamentações de trânsito. "A segurança é fundamental e nossa prioridade é garantir que todos cheguem com segurança ao seu destino", afirma. Portanto, "para modificações extensas em motor, suspensão e cor do veículo, o proprietário deve fazer prévia autorização da autoridade responsável e realizar a inspeção de segurança veicular para emissão do Certificado de Segurança Veicular (CSV)".
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