Quando a Honda apresentou no Brasil, em agosto de 2006, o modelo fora-de-estrada CRF 230F, fabricado em Manaus (até então, exclusivamente para exportação), acabou expondo uma situação curiosa, do tipo cabeça de bacalhau: existe mas ninguém nunca vê. A CRF 230F só foi aparecer quando o câmbio ficou desfavorável à exportação, motivando a montadora a abastecer o mercado interno.
O mesmo raciocínio também é aplicado para a Yamaha, que produz um modelo bastante semelhante ao da Honda. A TT-R 230, igualmente cabeça de bacalhau, produzida em Manaus, mas com 100% da produção exportada. A Yamaha confirma a intenção e estudos para comercializar a motocicleta no mercado interno, mas não revela datas. Antes, tem que superar alguns problemas. A TT-R 230 atrapalharia as vendas da recém-lançada XTZ 250 Lander, que também pode ser usada no fora-de-estrada? A linha de produção suporta o aumento de volume?
Dilema
Em 2006, a Yamaha produziu, segundo a Abraciclo (Associação dos Fabricantes), 9.583 unidades da TT-R 230. Se somadas à produção da irmã TT-R 125 (também para exportação e fabricada na mesma linha, com 15.699 unidades), chega-se o respeitável número de 25.282 motos. Só perderiam para o carro chefe da marca: a YBR 125. Com toda esta matemática, a TT-R 230 deve chegar ao mercado interno em 2008, mas pode ser apresentada já no Salão das Duas Rodas, em São Paulo, entre 16 e 21 de outubro.
A TT-R 230 é considerada um modelo de entrada nos Estados Unidos, para onde é exportada. Equipada com motor de um cilindro, do tipo quatro tempos, tem refrigeração a ar, 223 cm³ e desenvolve 18cv a 7.500 rpm. Para facilitar, vem equipada com a mordomia da partida elétrica. O visual é inspirado na linha de motos do tipo cross, chamadas de YZ, com aletas no tanque e number plate (placa para colocação de numeral, típica das motos de competição), no lugar do farol.
Terra
A exemplo da Honda CRF 230F, com quem disputaria mercado diretamente, não tem farolete, setas e farol. Assim, não pode circular em vias de trânsito normal e nem emplacar. Embora legalizada, só poderia andar em trilhas e competições, o que, aliás, é o seu hábitat e sua verdadeira praia. É por isso que tem suspensões de longo curso e uma posição de pilotagem que privilegia a tocada esportiva. Inclusive, o CDI não tem limitador de corte, que possibilita ‘esgüelar’ o motor conforme a conveniência.
A suspensão dianteira telescópica, com tubos de 36 mm de diâmetro e 239 mm de curso. A traseira é mono, com 221 mm de curso, em balança de alumínio. O freio dianteiro é a disco com 220 mm, mas o traseiro é a tambor, com 130 mm de diâmetro. O quadro é feito em tubos de aço, com viga simples. O banco fica a 884 mm do solo, o tanque comporta 8 litros e o peso a seco é de 109,8 kg. Os pneus são do tipo cross, calçados em aros de alumínio de 21 e 18 polegadas na dianteira e traseira, respectivamente. O câmbio dispõe de seis marchas.