Quando a japonesa Yamaha montou a primeira fábrica de motocicletas com produção em grande escala no Brasil, em 1975, inicialmente com o modelo RD 50, em Guarulhos, São Paulo, tinha todo o apetitoso mercado brasileiro à sua inteira disposição. De lá para cá, em vez de acelerar, ocupando os espaços, fez exatamente o contrário, patinando em escolhas equivocadas, como a insistência nos motores do tipo dois tempos e a demora na transferência da linha de montagem para a Zona Franca de Manaus, Amazonas, livre de impostos.
Para descontar o histórico atraso, a marca pretende imprimir uma política mais agressiva de mercado, que passa obrigatoriamente pela renovação e ampliação da linha de modelos, junto à modernização e aumento do parque industrial, que já tem até área anexa comprada. Um dos modelos sondados pela montadora para a nova estratégia é a FZ 16 com motor de150cm³, já comercializada nos mercados da Índia e da vizinha Colômbia. Para o Brasil, o modelo receberia modernizações, como o sistema de injeção eletrônica, reforços do quadro (embora as condições da Índia e Colômbia também castiguem as motos), além de adequações de estilo.
LINHA A montadora já tem motocicletas mais sofisticadas, equipadas com motor de quatro cilindros em linha, quadro de alumínio e comercializadas mundialmente com o nome FZ, da qual a FZ 16 foi inspirada. Entretanto, no Brasil, a linha FZ foi substituída pela XJ, mais econômica, com quadro em aço. Desta forma, a possível nova motocicleta (que a montadora admite ter estudado, embora não confirme seu lançamento) poderia receber outro batismo e ser uma opção ao consumidor, que além da família YBR, com motor de 125cm³, contaria com um modelo de 150cm³. Exatamente como a líder de mercado, Honda.
Na Índia, a FZ 16 é chamada pela marca de “lord of the streets”, uma espécie de rei da cocada das ruas, pelo seu visual esportivo e porte. Porém, o mercado indiano ainda não conta com modelo de alta cilindrada, permitindo a petulância, ao contrário do Brasil, onde o apelido soaria como pretensioso. Entretanto, não faria feio. Pelo contrário. Parte do público de motos de baixa cilindrada ou utilitárias, base do consumo nacional, não abre mão de um visual mais agressivo. O modelo tem desenho moderno e duas versões. Totalmente naked e com uma pequena carenagem, seguindo fielmente a receita das primas FZ maiores, da qual foi baseada.
MOTOR O propulsor da FZ 16 é do tipo quatro tempos, com 153cm³, refrigeração a ar, que desenvolve 13,8cv a 7.500rpm e torque de 1,4kgfm a 6.000rpm. Estes números são da versão carburada. A possível versão nacional ganharia injeção, para satisfazer as exigências do rigoroso programa nacional de controle de emissões, Promot, que provavelmente alteraria levemente os números de desempenho. O peso a seco, de 124kg, porém, é exagerado. Teria que fazer um severo regime para perder as gordurinhas para, mais leve, oferecer uma performance ainda melhor, também refletida na economia, fator importante no segmento.
O tanque comporta 12 litros, proporcionando boa autonomia. O painel é moderno, com conta-giros analógico e tela de cristal líquido com as demais informações. As rodas são de liga leve, com aros de 17 polegadas, como nas motos esportivas, calçadas com pneus sem câmara. O freio dianteiro é a disco, mas o traseiro, destoa com o antiquado tambor. A suspensão dianteira é do tipo telescópica, e a traseira é do tipo mono. O farol é assimétrico e no modelo semicarenado, que assume o nome Fazer (embora tenha a mesma mecânica), conta com faróis duplos. O escape também segue a tendência mundial de estilo, com saída curta e grossa.