A marca japonesa Yamaha comemora um triplo aniversário de modelos icônicos na terra e no asfalto. Os modelos de motocross YZ, com bodas de ouro (50 anos), os modelos de rali Ténéré com bodas de esmeralda (40 anos) e a superesportiva de asfalto R1, com bodas de prata (25 anos).
O modelo YZ 250 foi desenvolvido em três continentes diferentes. No sul da Califórnia, nos Estados Unidos, a partir de uma DT-1 250, no Japão, Ásia, sede da Yamaha, e na Europa, com o desenvolvimento do sistema monoshock da suspensão traseira, com o então modelo YXM 250. O pacote resultou no título de pilotos do Mundial de Motocross 250, vencido pelo sueco Hakan Andersson em 1973, inaugurando oficialmente a nova e rebatizada YZM 250.
O nascimento do modelo YZM 250 também seria marcado pelo reconhecimento da Yamaha como construtora no motocross. Porém, o nome YZ tem uma história curiosa. Em 1968, com o lançamento do modelo DT-1 250 dois tempos, a Yamaha começou a fazer frente aos modelos europeus, então reinantes. Na Califórnia, Don e Gary Jones (pai e filho), preparadores e pilotos, modificaram de tal forma a moto, que a enviaram para o Japão com uma inscrição atrevida no tanque: A2Z.
Yamaha YZ: uma cinquentona no motocross
Reza a lenda que o recado queria dizer: modificada de A a Z. Como as motos da marca começavam com a letra Y de Yamaha, foi então criada a YZ, devolvendo o recado. De lá para cá, através de meio século, o modelo YZ se tornou uma família de motos, inclusive com motores do tipo quatro tempos, e venceu centenas de provas e campeonatos de motocross e supercross pelo mundo, incluindo o Brasil.
Para celebrar os 50 anos, a Yamaha preparou, já em sua linha 2024, modelos exclusivos das YZ 250F, YZ 450F (quatro tempos), YZ 250 e YZ 125, todas com a nomenclatura complementar “50th Anniversary Edition”. Com a carenagem branca e grafismo retrô púrpura e cor-de-rosa, banco púrpura, rodas pretas e brasão comemorativo no para-lama traseiro. O desenho foi inspirado nos modelos de meados da década de 1990, que marcaram a transição em 1998, para os modelos YZ de quatro tempos e as cores azul “Yamaha Blue”.
Ténéré: uma veterana das areias do deserto
O batismo Ténéré para a nova Yamaha XT 600Z, lançada em 1983, foi meticulosamente escolhido para uma inevitável associação ao badalado Rally Paris-Dakar, disputado nas areias dos desertos africanos. É que sua antecessora, XT 500, venceu as duas primeiras edições, em 1979 e 1980, com o francês Cyril Neveu e se tornou um notável sucesso de marketing e vendas.
Ténéré é uma região desértica ao sul do complexo do deserto do Sahara, localizada ao norte do continente africano e um dos desafios do rally. Para completar, significa exatamente “deserto” na linguagem dos povos nômades Tuaregues. A XT 600Z Ténéré, com a responsabilidade do nome, introduziu várias atualizações técnicas e de estilo, porém, baseadas nas XT 500 e XT 600 anteriores.
O motor de um cilindro arrefecido a ar e com radiador de óleo manteve a robustez e entregava 42cv de potência e 5kgfm de torque. O tanque de combustível se destacava com capacidade para 30 litros, assim como uma garupeira. A suspensão traseira era mono em balança de alumínio. O freio dianteiro era a disco. O freio traseiro conservava o tambor.
A chegada ao Brasil
A Ténéré 600 chegou ao Brasil em 1988. Foi o primeiro modelo com motor do tipo quatro tempos da Yamaha no país. Em 2011 a marca também lançou no Brasil a XTZ 250 Ténéré (a "Tenerezinha"), com o mesmo pacote técnico da XTZ 250 Lander. Ao longo do tempo a Ténéré evoluiu, o tanque e o motor foram mudando a capacidade, incluindo a XT 660Z e XT 1200Z, (ambas consideradas da família Ténéré) e também com passagem pelo Brasil.
Para comemorar o aniversário de 40 anos da XT Ténéré, a Yamaha promove uma tournée pela Europa com modelos históricos, entre 1983 e 2010, além de clássicos originais do Dakar. A marca também apresenta a Ténéré 700 World Rally nas cores azul Racing (característica da Yamaha), inspirada no modelo YZ 800E que venceu o Dakar de 1993 com Stéphane Peterhansel, o Monsieur Dakar. A mesma Ténéré 700 ensaia sua vinda para o Brasil, mas nunca chega.
Yamaha YZF-R1 faz 25 anos
Quando a Yamaha apresentou a superesportiva YZF-R1 no Salão de Milão (Itália), em 1997 (chegaria ao mercado em 1998), assombrou o mundo. Adotava tecnologia e soluções técnicas desenvolvidas nas pistas, elevando o “sarrafo” do segmento de forma radical. O projeto, liderado por Kunihiko Miwa, estabelecia uma motocicleta “1000”, com porte de uma 600cm³ de cilindrada.
Leve e compacto, o motor de quatro cilindros em linha com 998cm³ tinha 20 válvulas, duplo comando e produzia 150cv, para um peso geral de 177 quilos, estabelecendo a melhor relação peso-potência. Além disso, a tecnologia EXUP de válvula de escape melhorava o desempenho e retomadas. A disposição inovadora do câmbio de seis marchas e do cárter possibilitaram a adoção de uma balança da suspensão traseira mais longa, sem aumentar o entre-eixos e melhorando a tração.
O quadro era um novo Deltabox em alumínio, a suspensão traseira do tipo mono e a dianteira invertida com tubos de 41mm de diâmetro. Ambas plenamente ajustáveis e desenvolvidas em colaboração com a Ohlins. O visual, com carenagem envolvente e duplo farol afilado, também virou marca registrada e foi adotado em várias gerações posteriores.
Série exclusiva foi fabricada a mão
A Yamaha YZF-R1, ou simplesmente R1 (que inaugurou a linhagem “R”), já transitou pelo Brasil, importada oficialmente pela marca, porém, interrompida desde 2016. O modelo, contudo, constantemente modernizado, ganhou muita eletrônica, inclusive com unidade de medição inercial (IMU) que gerencia motor de cerca de 200cv. Para marcar o 25º aniversário da R1, a Yamaha europeia projetou uma série exclusiva de 25 unidades fabricadas a mão a partir do quadro, com decoração de competição.
Os modelos "25th Anniversary Edition" utilizam peças GYTR (Genuine Yamaha Technology Racing), produzidas para o Mundial de Superbikes e Endurance e desenvolvidas pelo YMRE (Yamaha Motor Research & Development). Entre outras, tem carenagem em fibra de carbono, ECU Magneti Marelli, suspensão dianteira Ohlins FGR e traseira TTX com regulagem pneumática, braço oscilante especial, freios Brembo além de eletrônica própria desenvolvida para competições. Os 25 modelos só poderão ser encomendados via online (já esgotada) e seus proprietários passarão um dia na pista com pilotos e equipe de fábrica.
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