A história da japonesa Suzuki começa em um ramo de negócios completamente diferente das motocicletas. Nasceu em 1909, fundada por Michio Suzuki, e atuava no segmento mecânico-textil. Com a recessão pós-guerra e suas atividades desaceleradas, identificou no ramo de transportes uma boa oportunidade para sobreviver. Assim, apresentou, em 1952, uma bicicleta com motor de 36cm³ de cilindrada, que logo evoluiu para um ciclomotor de 50cm³. Aí, não parou mais de crescer aceleradamente.
O sucesso foi tal, que, já em 1954 o nome da companhia foi alterado para Suzuki Motor Company e as máquinas têxteis foram definitivamente abandonadas. Na década de 60, a marca chegou a ser considerada a maior fabricante do mundo de modelos com motor do tipo dois tempos e investiu em competições com bastante sucesso, já de olho no apetitoso mercado norte-americano. Foi a primeira marca japonesa a investir no motocross, ganhando vários campeonatos e mundiais, além de muito prestígio.
Nas competições de asfalto, a Suzuki obteve êxito, mas se afastou antes do fim da década, para voltar anos mais tarde, já com motos de maior porte. Aproveitando sua tecnologia em motores do tipo dois tempos, lança, a partir de 1967, um modelo de 500cm³, com dois cilindros paralelos, batizado de T 500 Cobra, para o mercado europeu, e T 500 Titan, para o mercado americano. Um modelo confiável, com reservatório de óleo separado e de ótimo desempenho, que fez bastante sucesso.
Alguns desses modelos, que mais tarde dariam origem à linha GT, ainda mais esportiva, também chegaram ao Brasil. O empresário Fernando Pena, colecionador de motos, tem um exemplar da T 500 Titan, ano 1971, com apenas 2.300 quilômetros rodados, impecavelmente original de fábrica. Só para se ter uma idéia, a chave reserva nunca foi utilizada e os manuais estão perfeitamente conservados, junto com a nota fiscal da concessionária. Com 35 anos, o modelo mantém o aspecto de zero ou recém-saída da loja.
Borrachas
O segredo para tanta originalidade foi a correta e cuidadosa preservação e acondicionamento nestes anos de pouco uso. O antigo proprietário não deixou que as borrachas ressecassem, cuidando exemplarmente dos pneus, da pintura e partes metálicas. Depois de comprar o modelo, Fernando Pena, que tem um galpão/oficina mais completo que muita concessionária, redobrou os cuidados. A Suzuki T 500 Titan tinha apelo esportivo e alcançava uma velocidade final de 177km/h.
Entretanto, os freios ainda eram a tambor. O motor, com dois cilindros paralelos e refrigeração a ar, tem 492cm³ e desenvolve 47cv a 7.000rpm e torque de 5,7kgfm a 6.000rpm. O visual é clássico, com um farol levemente abaulado e painel com instrumentos (conta-giros e velocímetro) redondos, seguindo o estilo da época. O banco reto tem alça cromada para apoio da garupa. O quadro tem berço duplo, a suspensão dianteira é telescópica e a traseira com dois amortecedores.