A marca japonesa Suzuki completou um século de vida no ano passado. Entretanto, nasceu em um segmento completamente distinto dos motores e das duas rodas, produzindo equipamentos para teares e indústria têxtil. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o país por reconstruir, adaptou seu parque fabril para a produção de motos, tornando-se, rapidamente, um dos gigantes mundiais do segmento. Com esta responsabilidade, precisa estar sempre evoluindo, pesquisando novas tendências e desenvolvendo novos produtos, em um mercado cada vez mais competitivo, com clientes muito exigentes.
Durante o 41º Salão de Tóquio, o International Tokyo Motorshow, realizado entre outubro e novembro de 2009, a Suzuki apresentou o modelo Burgman Fuel Cell. Trata-se de um scooter equipado com célula a combustível. Uma tecnologia que transforma, por meio de reações químicas, hidrogênio em combustível, que, por sua vez, alimenta de eletricidade as baterias que movimentam o veículo. E o que é melhor: tem como resultado no escape somente vapor de água, em vez dos gases tóxicos comuns nos motores a explosão convencionais. A tecnologia ainda está em desenvolvimento, mas parece ser um dos caminhos sem volta, rumo ao futuro.
Tóquio
A capital japonesa é uma das maiores cidades do mundo e abriga, a cada dois anos, o Tokyo Motor Show. Uma vitrine privilegiada para mostrar sua ciência, além dos lançamentos. Aproveitando os holofotes, a Suzuki mostrou na edição de 2007 a motocicleta Crosscage, equipada com o sistema de célula a combustível, que foi o primeiro veículo da marca com a tecnologia. Dois anos depois, a Suzuki também apresentou no Salão de Tokyo o novo Burgman Fuel Cell, baseado na experiência do Crosscage, desenvolvido em parceria com a britânica Intelligent Energy (energia inteligente).
A mesma empresa também esteve presente no desenvolvimento e aperfeiçoamento do Burgman Fuel Cell. Para materializar o novo veículo, foi escolhido um scooter, por suas características e praticidade urbana, que vai ser o foco da nova tecnologia limpa e não poluente. O quadro foi adaptado do Burgman convencional (comercializado oficialmente no Brasil), recebendo um tanque de hidrogênio de 10 litros, refrigerado a ar e pressurizado a alta pressão, com tecnologia Polymer Electrolyte Fuel Cell (PEFC). O desempenho, porém, é comparado ao de um scooter com motor tradicional a gasolina, com 125cm³.
Voltado para curtos deslocamentos, especialmente urbanos, o Burgman Fuel Cell tem uma estimativa de autonomia de cerca de 350 quilômetros, a uma velocidade compatível com o fluxo arrastado das regiões metropolitanas. A autonomia é semelhante a de um scooter convencional, só que eliminando vapor de água pelo escape. As baterias que alimentam o scooter são de íon-lítio e podem receber uma ajuda extra na reposição de energia. Nos processos de frenagens, um sistema (quando disponível) é capaz de absorver a energia e transformá-la em energia elétrica, que, por sua vez, vai para as baterias, contribuindo para o aumento da autonomia.
A aparência do scooter é praticamente a mesma do modelo convencional. O que muda é o ruído do motor. Em vez do ronco alto, um chiado baixo, proveniente das reações químicas internas. O modo de condução é semelhante ao de um scooter convencional. Basta guiar, acelerar e frear, sem preocupações com câmbio ou embreagem. O painel também é semelhante, assim como a suspensão dianteira do tipo telescópica e a traseira, com dois amortecedores. As rodas são de liga leve e os freios a disco nas duas rodas. Tanto a Suzuki quanto a Intelligent Energy têm a intenção de comercializar o veículo em um futuro cada vez mais próximo.