O mais badalado rali do planeta começou nesse sábado, em Buenos Aires, com a largada festiva para os 354 competidores – divididos em 143 motos, 110 carros, 46 quadriciclos e 55 caminhões –, desfilarem ainda reluzentes, no chamado prólogo, em direção a Rosário para a largada oficial, amanhã, rumo aos 8.955 quilômetros de percurso entre Argentina e Bolívia, sendo 4.690 quilômetros de trechos especiais de velocidade para as motos. Criado em 1978 pelo francês Thierry Sabine, originalmente ligava a capital francesa, Paris, a Dakar, no Senegal, mas, desde 2009, é disputado na América do Sul.
A mudança de continente, em razão de diferenças políticas e ideológicas de alguns países do roteiro, que comprometiam a segurança dos competidores, entretanto, não alterou as dificuldades do percurso. O nome Dakar, que virou uma espécie de grife, foi conservado, assim como trechos de areia, além de grande variação de altitude, de temperatura e até a travessia do desafiador salar de Uyuni, na Bolívia. O Chile, que fazia parte do roteiro, com o temido deserto de Atacama, o mais seco do mundo, e também o Peru, desta vez ficaram de fora, abrindo espaço para a inclusão do Brasil, no futuro.
VITRINE A prova se transformou em uma grande vitrine mundial para os fabricantes, que investem muito para ostentar a performance e a indestrutível robustez de seus produtos. Mesmo assim, a Honda, maior fabricante mundial de motocicletas, ficou de fora da prova por mais de duas décadas. Porém, com as competições em seu DNA, e favorecida pela proibição, a partir de 2011, de motores acima de 450cm³, para reduzir a velocidade e aumentar a segurança, retornou em 2013 com um modelo já pronto, derivado da CRF 450X de série, para, em seguida, projetar o protótipo CRF 450 Rally.
Com esse modelo, que contou com o piloto mineiro Felipe Zanol em seu desenvolvimento, o paulista de 41 anos, nascido em São José dos Campos, Jean Azevedo, com 18 participações na prova, vai ser o único brasileiro na categoria motos, com apoio oficial do Honda Racing Corporation (HRC), braço mundial de competições da marca. A concepção da CRF 450 Rally foi toda direcionada para proporcionar velocidade e agilidade, sem perder a robustez, já que o percurso da prova, que termina em 16 de janeiro, também em Rosário, castiga sem dó toda a mecânica.
MODELOS A CRF 450 Rally tem motor de um cilindro, refrigeração líquida, injeção eletrônica, câmbio de seis marchas, quadro em alumínio, subquadro em fibra de carbono, tanque de 33,7 litros, suspensões Showa invertidas na dianteira, com 310mm de curso, e Showa mono na traseira, com 315mm de curso. Porém, não está só. A rainha do deserto é a marca austríaca KTM, que acumula nada menos que 14 vitórias e tem um esquadrão de 73 modelos inscritos, entre eles o americano Ian Blythe, de 24, radicado no Brasil, e que vai estrear com apoio da concessionária KTM de Minas, Orange BH.
O time oficial disputa com o modelo 450 Rally Factory, que tem a espanhola Laia Sanz como integrante, motor com 449,3cm³, um cilindro, 68cv, injeção eletrônica, seis marchas, suspensões White Power de 300mm, tanque de 33 litros e banco com 960mm de altura. A Yamaha também está na briga, com a WR 450F Rally e o piloto português Hélder Rodrigues. O motor tem 449cm³, injeção eletrônica e câmbio de cinco marchas. Também competem Husqvarna, Sherco, BMW, Beta, Suzuki e GasGas. Os pilotos de motos são obrigados a levar suprimento de água e baliza de localização.