Quando a Yamaha lançou em 1976 a XT 500, ainda não sabia que estava fazendo história. O modelo revolucionou conceitos e inaugurou um segmento, o das big trails com motor de um cilindro. Uma moto extremamente versátil, compacta, de manutenção descomplicada e, principalmente, capaz de percorrer enormes distâncias sem escolher os caminhos. Esse mesmo modelo venceria a primeira edição do Rali Paris/Dakar, em 1979, com o piloto francês Cyril Neveu, conquistando enorme prestígio e sucesso comercial.
Para capitalizar a fama das vitórias no rali (venceria também a edição de 1980), a Yamaha escolheu o deserto africano, um dos mais temidos na rota do Paris/Dakar, para batizar a versão XT 600 Ténéré, já com motor 600 cm³, a partir de 1982, que também chegaria ao Brasil em 1988, nacionalizada via Manaus. O mito Ténéré havia sido definitivamente instalado pelo mundo afora, com radicais seguidores, além de uma feroz concorrência no seu vácuo, que obrigava a montadora a se modernizar constantemente.
Retorno
Apesar do prestígio e carisma, a pressão por novidades fez o modelo subir no telhado em 2001, deixando uma legião de viúvos inconformados. Para reviver a tradição, a Yamaha vai lançar em 2008 a renovada XT 660Z Ténéré, resgatando o ícone e alguns de seus valores e, principalmente, sua filosofia. Para tanto, recorreu à mesma fórmula original, adotando motor de um cilindro com mecânica confiável, mas com desempenho e tecnologia atuais, compatíveis com as novas exigências de mercado.
O propulsor escolhido foi o mesmo que equipa a XT 660R conhecida no Brasil. Trata-se de um motor quatro tempos de um cilindro, com quatro válvulas, equipado com a modernidade da refrigeração líquida e alimentação por injeção eletrônica de combustível, que fornece 48 cv a 6.000 rpm, reforçando também o raciocínio de que esse novo modelo possa integrar a linha de motos 'nacionais'. A ciclística e o visual, porém, foram completamente alterados em relação à XT 660R, para atender às novas solicitações.
Identidade
O quadro em tubos de aço é completamente novo, com desenho compacto e estreito, assim como a balança da suspensão traseira, em alumínio. Para aventuras radicais, manteve a característica de um grande tanque de combustível de 22 litros, que fica parcialmente camuflado sob o banco. Também tem a possibilidade do acoplamento de malas nas laterais e de uma extensa série de outros acessórios. O painel agora tem o conta-giros, mas não dispensa a tela digital, com computador de bordo.
A nova Ténéré também ganhou novos pára-brisa e conjunto de faróis empilhados. A suspensão dianteira é telescópica (com o antigo guarda-pó sanfonado), de 210 mm de curso, e a traseira, mono, de 200 mm. O freio dianteiro foi redimensionado e tem dois discos de 298 mm. O disco traseiro tem 245 mm. No visual, o escape tem saída alta embaixo do banco (tem opção de ponteiras esportivas) e o pára-lama dianteiro fica colado à roda. O câmbio tem cinco marchas e o peso a seco é de 183 kg. O preço ainda não foi divulgado.