A quarta etapa do Campeonato Mundial de Motocross, nas categorias MX1 e MX2, vai ser disputada em Indaiatuba (SP), no domingo. Minas Gerais estará representada pelos pilotos Swian Zanoni, na MX2, e por Jorge Balbi, na MX1. A competição, que já foi disputada em Belo Horizonte, na pista onde atualmente está a Cidade Administrativa, e considerada uma das melhores do mundo, voltou ao Brasil depois de uma década de ausência: primeiro em Canelinha (SC), em 2009; depois em Campo Grande (MS), no ano passado; e este ano em Indaiatuba (SP), na pista montada dentro do Centro Educacional de Trânsito Honda (CETH), em uma área de 120 mil metros quadrados.
O circuito, que já recebeu o badalado Motocross das Nações, em 1999, um ano depois de ser inaugurado, foi adaptado para a disputa do mundial pelos projetistas da Youtsstream (organizadora do evento), Greg Atkins e Justin Barkley, junto com o especialista brasileiro Donato Cury (os mesmos responsáveis pelas pistas de Canelinha e Campo Grande), mas mantiveram cerca de 70% do traçado original, que também tem sistema de irrigação para controlar a poeira. Neste palco, dois mineiros participam da prova: Swian Zanoni, mineiro de Divino, região da Zona da mata, na categoria MX1, para motos com motor do tipo quatro tempos de até 250cm³; e Jorge Balbi, de Belo Horizonte, na categoria MX1, para motos com motores do tipo quatro tempos, com propulsor de até 450cm³.
PROJETO A Honda apresentou, em fevereiro, um ousado projeto, batizado de Honda Racing Brazil, com o objetivo de possibilitar a participação de um piloto brasileiro em todo o campeonato mundial de motocross, na categoria MX2, proporcionando toda a infra-estrutura necessária para a competição. Segundo Wilson Yasuda, assessor de competições da Honda, a iniciativa visa um intercâmbio entre pilotos brasileiros e estrangeiros, expandindo seus limites e revelando novos talentos. O piloto escolhido foi Swian Zanoni, que passou a morar em Vicenza, na Itália, próximo à sede da equipe Martin Racing, preparadora das motos. A equipe inclui especialistas em motores, com testes em dinamômetro, além de outros no desenvolvimento da parte elétrica, suspensões e quadros, e preparação física e psicológica.
Além disso, a equipe tem uma carreta especialmente preparada (com sala de reuniões, oficina e peças de reposição, toldo fechado, sala de descanso, cozinha, banheiro etc.), que acompanha o piloto nas provas europeias. Um dos mecânicos de Zanoni é o brasileiro Michael Alves da Silva, o Mike, que é de Indaiatuba (SP) e vai estar em “casa” na etapa brasileira. Mike já trabalhou anteriormente na equipe Martin Racing e conhece seu funcionamento, oferecendo mais um suporte para Swian Zanoni, nas 11 etapas depois do Brasil. Jorge Balbi, da equipe Pro Tork 2B Kawasaki Racing, várias vezes campeão brasileiro, também já participou de algumas etapas do mundial na Europa e é o único brasileiro a pontuar no seletivo AMA Supercross e Motocross, nos Estados Unidos.
MOTOCICLETA Swian Zanoni destaca que as pistas do mundial são mais técnicas em relação às brasileiras, com grandes cavas e obstáculos mais radicais, e que cada uma das duas baterias por prova dura 35 minutos mais duas voltas, exigindo um perfeito condicionamento físico e a moto afinada. Além disso, a definição da posição de largada (gate), é feita por meio de uma prova no sábado, antes da corrida. Para tanto, o piloto conta com duas motos, titular e reserva por prova. O planejamento de Swian Zanoni é que, na segunda metade da competição, já mais adaptado e entrosado, alcance uma colocação entre os 10 melhores, o que já seria um gigantesco passo. A categoria MX1 é liderada pelo alemão (da KTM) Ken Roczen e a MX1, pelo belga Clemente DeSalle, da Suzuki.
O regulamento do mundial permite preparação mais esmerada e quem tem apoio de fábrica leva grande vantagem. A preparação da CRF 250F de Swian, equipada com motor de um cilindro, injeção eletrônica e refrigeração líquida, inclui parafusos de titânio, para reduzir peso; preparação do motor, com alteração do mapeamento digital (o piloto pode trocar durante a prova); alterações no filtro, guidão, escape (Arrow), radiador, cubos das rodas, rodas e discos de freio. O banco também foi trocado e as suspensões da marca Showa (invertida na dianteira e mono, na traseira), preparadas e adaptadas para as características de cada circuito. Com isso, a moto ganhou cerca de 13cv e perdeu 10 quilos.