O nome scrambler, algo como misturado em inglês, foi tomado emprestado pela italiana Moto Morini para batizar seu mais novo modelo, disponível no mercado desde março. O anglicismo, justamente em uma motocicleta italiana, entretanto, tem fortes razões. Foi na Inglaterra dos anos 1950 e 1960 que surgiram as primeiras motos para uso não convencional, fora do asfalto, em estradas de terra e trilhas. Na época, eram usados os modelos de rua existentes, com adaptações, como escape e para-lamas mais altos, guidão mais largo e peso aliviado. Eram motos misturadas, que deram origem às modernas fora-de-estrada e enduros atuais.
A nova Morini Scrambler 1200 conserva esse espírito das ancestrais vovós. Está recheada de tecnologia de última geração, mas adota visual retrô, como nas scramblers originais, além do charme dos anos dourados. A Morini nasceu em 1937, quando Alfonso Morini montou em Casalecchio di Reno, região de Bologna, uma pequena fábrica de triciclos de carga, que foi aniquilada durante a Segunda Guerra. Em 1946, a produção foi retomada e vieram as motos e o sucesso. Inclusive nas pistas. Mas a boa fase acabou e a marca entrou em declínio, com a concorrência japonesa. Em 1987, foi vendida para a Cagiva e, depois de um período agonizante, fechou as portas em 1994.
Volta
Em 2003, a marca foi relançada, depois de ser adquirida por descendentes de Alfonso Morini, retornando ao mercado em 2005, com o lançamento da motocicleta Corsaro 1200, que serve de base para toda a sua nova linha. O próprio nome Corsaro foi resgatado da série de modelos de sucesso, iniciada em 1959. O novo motor também tem história. Foi desenhado por Franco Lambertini, que já tinha sido projetista da própria Morini nos áureos tempos e também da Ferrari. Com 1.187cm³, tem arquitetura de dois cilindros em V, com inclinação de 87 graus e cárter integrado, para reduzir as dimensões. Esse motor também é a base de todos os modelos da nova linha Morini, inclusive a Scrambler.
Batizado de Bialbero Corsa Corta, o propulsor, equipado com injeção eletrônica de combustível e refrigeração líquida, também faz parte da estrutura do quadro, para reduzir peso e dimensões, e fornece até 140cv para as versões esportivas. Na versão Scrambler foi ajustado com redução de potência para 117cv a 8.500rpm, mas em contrapartida ganhou mais torque, atingindo 10,4kgfm a 6.700rpm, já que a Scrambler também está apta para rodar na terra, onde força é mais importante. O modelo pode vir equipado de fábrica com pneus de uso misto ou esportivo, dependendo da preferência do freguês.
Personalidade
A Scrambler tem dupla aptidão, ou personalidade, podendo rodar tanto na terra quanto no asfalto. A sua porção fora-de-estrada conta ainda com escapes de dupla saída, posicionados lateralmente e mais altos, como nas scramblers do passado, além de pedaleiras serrilhadas, cobertas com borrachas removíveis, roda dianteira aro 19 polegadas e até number plate, ou placa lateral, para colocação de número durante as competições. A porção asfalto está presente nos poderosos freios dianteiros, com dois discos de 298mm de diâmetro, mordidos por pinças Brembo, e um simples traseiro, com 250mm de diâmetro, além do quadro em tubos treliçados.
Na reconstrução da Morini foram usados alguns dos mais badalados fornecedores de componentes. A suspensão dianteira é uma poderosa Marzocchi Magnum invertida, com tubos de 50mm de diâmetro e 150mm de curso. A suspensão traseira é do tipo mono, com amortecedor lateral Paioli, com 170mm de curso e balança em alumínio curva, pelo processo de hidromoldagem, que elimina soldas. Os aros são Excel e o quadro montado pela Verlicchi. Já o visual foi encomendado ao estúdio Marabese Design, do projetista Luciano Marabese. O painel tem elementos digitais e analógicos e o tanque de 21 litros é de náilon. O câmbio tem seis marchas e o peso (com a moto abastecida) é de 198kg. Também é oferecida extensa lista de opcionais.