A distância dos grandes autódromos brasileiros e das competições não foi problema para o construtor e mecânico Edésio Souza Melo, o Deca, de Belo Horizonte, que fabricou artesanalmente uma moto dragster para competir na categoria Drag Bike de arrancadas, especialmente em Curitiba e em Itatiba (SP), onde existem pistas especiais e homologadas, além de disputas nacionais. O modelo demorou cerca de dois anos para ser finalizado e conta com muita tecnologia para ganhar velocidade, onde os milésimos de segundos são importantes. Afinal, as arrancadas são disputadas em uma pista reta, com apenas 402 metros de extensão.
Veja mais fotos da Drag Bike!
A distância equivale a ¼ de milha, medida usada nos Estados Unidos, onde as competições de arrancada são muito populares. Dos Estados Unidos também vem boa parte das regras aqui utilizadas, como, por exemplo, a distância entre-eixos de 80 polegadas, que equivale a 2.032 milímetros, ou pouco mais de dois metros, como limite da categoria Drag Bike, na qual vai competir o dragster mineiro. Essa categoria é a das motocicletas superesportivas de série, com preparação livre. Assim, o Deca optou por utilizar o motor da Suzuki Hayabusa 1.300cm³ de cilindrada, com quatro cilindros em linha, que já tem vasto mercado de equipamentos e peças específicos para a finalidade.
FOGUETE
Para melhorar o desempenho do motor, que originalmente fornece impressionantes 178cv, o dragster mineiro foi equipado com turbocompressor e intercooler. Os pistãos (JE Pistons em alumínio) são forjados, assim como as bielas (Carrilo). O resultado preliminar é uma potência que saltou para nada menos que 450cv. Com acertos ainda mais refinados, que também vão possibilitar o aumento da pressão do turbo, a potência vai subir para cerca de incríveis 500cv. O interessante é que a taxa de compressão do motor foi reduzida (para 8,7:1) em função do turbo compressor. Para completar, o combustível utilizado é o metanol.
Com as modificações, o foguete é capaz de acelerar até 100km/h em menos de (míseros) dois segundos e ao final dos 402 metros da pista de arrancadas, atingir uma velocidade superior a 280km/h. Para suportar arrancadas tão violentas, a embreagem é especial (MTC Slider Engenharia), equipada com uma espécie de sistema de controle de tração. Ela ?patina? na medida certa, com precisão, para não deixar o pneu traseiro girar em falso, sem queda na potência, evitando perda de tempo na arrancada. Para completar, vai ser instalada uma armação com rodinhas na traseira, conhecida como whillie bar, para não deixar a moto empinar nas arrancadas.
ESTICA
O pneu dianteiro é do tipo slick (liso) e o traseiro, especial Mickey Thompson para arrancadas, com quinas nas bordas, que não permite fazer curvas. Construído em nylon, o pneu tem largura de 11,5 polegadas (292,1mm) e características especificas. Nas arrancadas, ele aumenta o diâmetro e também fica mais fino, além de ter grande capacidade de tração e aderência. Para suportar o conjunto, o quadro foi construído artesanalmente em aço cromolibdênio 4130, com soldas de precisão TIG e alinhado a laser. Por fim, todo o sistema elétrico e eletrônico é da Fueltech e a bomba de combustível, Aeromotive A 1000.
O painel tem o conta-giros em destaque, mas o câmbio de cinco marchas é operado com sistema eletropneumático. Para não perder tempo, o piloto troca as marchas com um simples toque de botão, em vez do tradicional pedal. A transmissão final é por corrente. A concentração tem que ser total e a perda de tempo minimizada ao máximo. A suspensão dianteira é a do modelo Suzuki Srad 750, preparada, mas com o cáster alterado para 40 graus. Porém, a suspensão traseira é do tipo ?rabo duro? e simplesmente não existe. O pneu faz o seu papel. Os freios são normais e os cabos, do tipo aeroquip. O peso é de 250kg. Informações: Decamotos. (31) 3385-5144.
Leia mais sobre os destaques da 1ª Motofair.