A 29º edição do Rali Paris Dakar (na verdade Lisboa-Dakar), começou no dia 6 em Portugal, e terminou 7.915 quilômetros depois, na capital do Senegal, no dia 21. Neste percurso, os pilotos cumpriram 4.309 quilômetros de etapas especiais, em que a velocidade era o fator mais importante. Das 250 motos inscritas, 128 eram da marca KTM, inclusive a vencedora no geral pilotada pelo francês Cyril Despres, a bordo de uma 690 Rally, do time Gauloises, uma das três equipes oficiais da marca austríaca.
O Dakar de 2007 teve participação de brasileiros, com modelos KTM. Jean Azevedo, ficou em 25º, mas venceu a penúltima especial de 225 quilômetros, entre Tambacounda e Dakar; Carlos Ambrósio ficou em 50º lugar; Dimas Mattos e Sylvio Barros não completaram a prova. Considerado o mais duro, perigoso e exigente Rali do mundo, o Dakar passa transformações para nivelar os pilotos, aumentar a segurança e reduzir os riscos. Curiosamente, as providencias visam também reduzir a velocidade.
Transformação
A organização mudou o regulamento, privilegiando a navegação para equilibrar a disputa entre pilotos profissionais e amadores. Limitou a velocidade das motos em 160 km/h, restringiu a precisão do aparelho de navegação (GPS), e impôs velocidade máxima de 50 km/h perto das aldeias e de 30 km/h dentro delas. Tudo registrado por fiscais e pelo GPS, para conferência e eventual punição. Porém, se o piloto se perder, pode, por um código, aumentar a precisão do GPS, mas é punido, com acréscimo de tempo.
Além disso, criou-se etapa de maratona sem assistência de mecânicos. Com isso, as motos também tiveram que passar por transformações para se adaptar às novas exigências do regulamento. A KTM, especialista no Rali Dakar, em vez dos enormes motores LC8 em V de 950 e 990 cm³, dos anos anteriores, capazes de superar os 200 km/h, desenvolveu moto bem mais ágil, compacta, leve e fácil de pilotar, com motor batizado de LC4, de apenas um cilindro. Uma espécie de rato do deserto.
Máquina
A 690 Rally do bicampeão, Cyril Despres, tem motor de um cilindro, 653,7 cm³, com refrigeração líquida, quatro válvulas, de 70 cv a 7.500 rpm. Um dos motores monocilíndricos mais potentes do mundo. O câmbio tem seis marchas, com embreagem antitravamento, e a alimentação é por carburador, em vez da injeção eletrônica. A lubrificação é feita por duas bombas de óleo e a autonomia é garantida por 36 litros de combustível, distribuídos por três tanques, um central e dois laterais.
Os escapes duplos têm saída alta. Alto também é o banco, a 980 mm de chão. O quadro foi inteiramente reprojetado e tem estrutura multitubular em aço. A distância entre-eixos é de 1.510 mm e pode ser regulada em 10 mm. A suspensão dianteira é invertida, White Power, com tubos de 48 mm e curso de 300 mm. A suspensão traseira é mono (WP), com 310 mm de curso. O freio dianteiro a disco tem 300 mm e o traseiro 220 mm. O peso a seco é de 162 kg.