Em 1990, uma intrusa de duas rodas virou estrela no Salão do Automóvel de São Paulo. Era a apresentação da moto genuinamente nacional Kahena, equipada com motor Volkswagem 1.600. Um modelo de enormes proporções, que chamava muita atenção, desenvolvido e fabricado no bairro paulistano do Tatuapé, que entraria em produção dois anos depois. O motor derivado dos carros teve desenvolvimento próprio, assim como o câmbio, equipado com quatro marchas e ré.
Na verdade, o fabricante queria utilizar motorização da italiana Moto Guzzi, mas o acordo não prosperou e a solução caseira foi a melhor, adaptando o propulsor automobilístico. O quadro fabricado em aço também foi gerado em suas oficinas, batizado de Tecbox, assim como a suspensão traseira monobraço, que recebeu o nome de Uniarm. A moto ganhou fama e foi exportada até para países com tradição na fabricação de motos de grande cilindrada, como Japão, Estados Unidos e Alemanha.
Renascimento
Vários modelos foram lançados, como as versões custom, militar, esportiva e até com side car. A desvalorização do dólar, em 1994, comprometeu sua produção, até que, em 1999, foi obrigada a encerrar a fabricação. A marca, porém, continuou viva, para ressurgir em 2006, sempre no paulistano Tatuapé, com a comercialização de modelos de 125 cm³ de cilindrada, batizadas de 125 K-Top e 125 Top, depois de dois anos de estudos e desenvolvimento em conjunto com fornecedores chineses, que elaboram os componentes segundo suas especificações.
A marca também está desenvolvendo um modelo de 800cm³, baseado no motor de dois cilindros boxer Gurgel 800 (que tinha celebrado acordo antes de fechar), e no quadro Tecbox das pioneiras Kahenas 1.600, uma elaborada moto de 250cm³, que vai ser lançada em breve, além de uma linha de triciclos para cargas leves. As novas motos 125 K-Top e 125 Top chegam ao mercado, com vários equipamentos de série, como partida elétrica, freio a disco na roda dianteira, garupeira e painel completo.
Modelos
A Kahena 125 K-Top, lançada no início de 2008, é o modelo de entrada. O visual segue o padrão das novas chinesas, com formas ligeiramente arredondadas. As rodas são raiadas com aros de 18 polegadas, o freio traseiro é a tambor e o peso a seco, de 112 kg. O motor é o tradicional e resistente, mas já defasado, OHV (com válvulas acionadas por varetas), com um cilindro, refrigeração a ar, que rende 12 cv. Para uso diário, tem pedal de freio mais alto para não raspar no chão, cobre corrente em aço inox e quadro reforçado, que não é o de "prateleira" disponível na indústria motociclística chinesa.
A suspensão dianteira é telescópica, a traseira tem dois amortecedores reguláveis e o painel é completo, com indicador de marchas, nível de combustível e conta-giros. O preço é de R$ 4.990. O modelo 125 Top tem como diferença as rodas, que são em liga leve, com a roda de 16 polegadas na traseira, chave que permite ligar o motor a distância e alarme. O peso a seco sobe para 116 kg e o preço, para R$ 5.820. A marca está estruturando sua rede. Informações: www.kahena.com.br.