A italiana Vespa é uma espécie de precursora dos atuais scooters. Uma respeitável vovó com 66 anos, que já vendeu mais de 17 milhões de unidades nos quatro cantos do mundo, inclusive no Brasil. Um ícone que segue sendo renovado, sem esquecer suas raízes, como demonstrou a Piaggio, detentora da marca Vespa, ao apresentar em novembro, durante o Salão de Milão, o modelo Quarantasei, ou 46, em homenagem ao primeiro modelo, batizado de MP6, criado exatamente em 1946, no período do pós-guerra, para atender a extrema carência de transporte em um país arrasado pelo conflito.
A pioneira Vespa MP6 saiu das pranchetas do engenheiro aeronáutico Corradino D’áscanio, que se baseou nos veículos militares lançados dos aviões junto com paraquedistas para se locomoverem em terra. Por isso, precisavam ser pequenas, leves e compactas. Corradino, que curiosamente não gostava de motocicletas, adaptou a ideia e conceito do veículo para uso não militar, mantendo as rodas pequenas e o quadro com chapas estampadas, deixando um vão para as pernas que também possibilitava o uso por mulheres, barateando também os custos de produção, para uma população com poder aquisitivo rebaixado pela guerra.
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INVENÇÃO
O parque industrial da Piaggio, fundada em 1882, era originalmente voltado para a produção de locomotivas e aviões e, para não ficar ocioso com o fim da disputa, foi adaptado para a produção da Vespa, sob orientação de Enrico Piaggio, neto do fundador, que convocou Corradino para seus quadros. Tudo se encaixou e a Vespa caiu no gosto popular como prático veículo urbano. Fácil de pilotar, econômica e com baixa manutenção, nunca mais deixou de ser produzida, gerando uma legião de novas marcas e modelos, batizadas de scooters, incorporando avanços técnicos, como câmbio e embreagem automáticos, freios a disco etc.
A nova Quarantasei tem desenho retrô, baseada nas formas originais, mas soluções de estilo inovadoras, nascidas no centro de desenvolvimento da marca em Pontedera, Norte da Itália, honrando a badalada escola de desenho do país. O banco, por exemplo, parece flutuar, com somente um apoio, embora comporte o piloto e passageiro. A exemplo de alguns automóveis que têm volante revestido em couro, a Quarantasei também adota o couro nos punhos, com as setas nas extremidades do guidão. O motor tem uma cobertura ligeiramente mais alongada, lembrando uma vespa, que deu nome ao veículo.
MOTOR
O propulsor, assim como no modelo original, fica na traseira, ligado diretamente à roda. Essa solução, somada ao quadro de chapas estampadas, permitiu uma posição de pilotagem sentada, em vez de montada, como nas motocicletas, facilitando também o embarque e desembarque, além de contar com escudo frontal, que protege o piloto contra respingos, e espaço para acomodar pequenos volumes e sacolas. O motor de um cilindro, do tipo quatro tempos, também foi projetado no centro de desenvolvimento de Pontedera e vai gerar uma nova família de propulsores. Equipado com três válvulas e refrigeração a ar, tem duas versões: 125cm³ e 150cm³ de cilindrada.
A versão 125 desenvolve 11,6cv a 8.250rpm e um torque de 1.05kgfm a 7.000rpm. A versão 150cm³ fornece 13,0cv a 8.000rpm e um torque de 1,28kgfm a 6.500rpm. As mordomias urbanas, como câmbio e embreagem automáticos, estão presentes. Os freios são a disco nas duas rodas. Na estética, com formas limpas e fluidas, o farol fica no guidão, formando conjunto com o painel digital. Já a lanterna traseira tem formato circular e fica embutida na cobertura do motor. A nova Quarantasei vai chegar ao mercado no segundo semestre de 2012 (ainda sem preço definido), com formas praticamente idênticas, apenas com inclusão de retrovisores e suporte de placa.