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Honda VFR 1200 F - Moto que pensa

Equipada com motor de 172,7cv, câmbio automatizado, dupla embreagem, freios C-ABS e carenagem com duas peles, nova Sport Touring concilia tecnologia com prazer de pilotar

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Motor tem quatro cilindros em V, refrigeração líquida e injeção eletrônica para gerar números de esportiva



Itupeva (SP) - Apresentada como conceito no salão da Alemanha, Intermot, de 2008, a Honda VFR 1200F chegou ao mercado apenas dois anos depois e, ao Brasil, a partir deste mês, antes mesmo dos Estados Unidos. Entretanto, a agilidade comercial não é uma simples deferência ao Brasil, mas a constatação de que o nosso mercado é maior que praças tradicionais como Espanha e outros países europeus que atravessam aguda crise. Alheio a isso, a VFR 1200F é uma Sport Touring revolucionária e impregnada de tecnologia, que eliminou sumariamente o pedal de câmbio e o manete de embreagem, substituídos pelo câmbio automatizado nos modos D (drive) e S (sport), além da opção do manual, operado por meio de gatilhos nas pontas dos dedos, dupla embreagem e freios C-ABS, que impedem o travamento e distribui a frenagem entre as duas rodas.

A eletrônica foi a responsável por exorcizar o medo de perder um dos maiores prazeres da pilotagem, que é o domínio do câmbio. Com o sistema de gatilhos, semelhante aos usados pelos automóveis e acionado pelo indicador e polegar da mão esquerda, o piloto continua totalmente no comando se quiser. Se o negócio for mordomia, basta optar pelo câmbio automatizado e deixar a moto pensar por ele. A dupla embreagem, desenvolvida até então somente para carros e pela primeira vez empregada em motocicletas, consiste em deixar automática e previamente engatada em uma das duas marchas, seguinte e a anterior. Assim, ao solicitar cada uma das seis marchas, a troca é feita instantaneamente e de forma bastante suave.

Troca de marchas sem pedal ou manete causa estranheza e exige prática



PELE A montadora desenvolveu um sistema de carenagem que chamou de Double Layer (dupla pele), com uma espécie de cobertura, que, além de permitir a entrada de ar, facilitando a refrigeração e escoamento do ar quente por entre as carenagens, esconde as fixações, parafusos e emendas externas, deixando o visual limpo e fluido, incluindo o deslocamento das setas para junto dos retrovisores. O farol lembra uma gorda letra Y gigante e tem moldura integrada à carenagem. Seguindo a tendência mundial de estilo, a traseira é afilada. As rodas são em liga leve, com desenho bastante agradável. A transmissão final por eixo cardã, com sistema monobraço, somente de um lado, deixa a roda traseira mais exposta, realçando sua beleza, e faz conjunto com o escape curto e grosso, para ajudar a rebaixar as massas.

O motor é um quatro cilindros em V, com 16 válvulas, desenvolvido especialmente para o modelo, aproveitando a larga experiência em competições da marca. Tem inclinação de 76 graus, 1.236,7cm³, refrigeração líquida e injeção eletrônica, e fornece 172,7cv a 10.000rpm e torque de 13,2kgfm a 8.750rpm. Na hora de enrolar o cabo, mais eletrônica. Sensores identificam o grau de giro do acelerador, rotações do motor e marcha engatada, processando as informações para cumprir os desejos do piloto o mais rápido e adequadamente possível, curiosamente sem o próprio cabo. O interessante é que 90% do torque já está disponível a 4.000rpm, deixando o motor sempre esperto. Porém, na hora de andar, um pouco de atenção é necessário.

ANDANDO Sentar em uma motocicleta esportiva com quase 173cv e não ver o pedal de câmbio e o manete de embreagem é muito estranho. Mais estranho ainda é ter que abaixar o freio de mão e engatar a primeira em um botão no manete direito. Uma rotina que contraria o modo clássico de pilotar, comandado automaticamente pelo cérebro. Os primeiros movimentos com a VFR 1200F exigem disciplina para não cair na tentação de procurar a embreagem para modular o motor, especialmente em baixas velocidades e manobras. Porém, basta rodar uma pequena distância para o novo modo também ser assimilado automaticamente pelo cérebro e virar um prazer. Cambiar no modo manual fica bem divertido, já que o sistema de dupla embreagem faz o trabalho ainda mais rápido do que pelo método tradicional, permitindo explorar intensamente as possibilidades da moto, inclusive de forma radical. Já o modo automatizado é meio burocrático, cumprindo seu papel sem tanta emoção.



O freio de estacionamento (ou de mão) é necessário, pois, sempre que é desligada, entra o neutro, que não segura a moto. A posição de pilotagem, apesar de esportiva, é surpreendentemente confortável, justificando sua porção touring para viagens. O painel é completo, mas falta a luzinha para indicar o freio de estacionamento acionado, já que pode ficar parcialmente puxado. Os freios são extremamente precisos e também pensam para o piloto. O sistema C-ABS distribui a frenagem entre as duas rodas, conforme a necessidade, acionando progressiva e combinadamente os pistãos das pinças de freios. Na dianteira, dois discos de 320mm de diâmetro, com pinças de seis pistãos, e, na traseira, um disco simples de 276mm de diâmetro. A suspensão dianteira tem tubos de 43mm de diâmetro e 120mm de curso. A suspensão traseira tem único amortecedor em monobraço, com 130mm de curso. O tanque tem capacidade para 18,5 litros e o peso a seco é de 264kg. O preço sugerido, sem frete e seguro, é de R$ 69.900.


(*) o jornalista viajou a convite da Honda