De Indaiatuba (SP)* - Em um cenário totalmente hostil, nascia há 40 anos, em 4 de novembro de 1976, a Honda CG 125, produzida em Manaus, Amazonas. As adversidades começavam na logística de transporte das motos para os maiores mercados consumidores, distantes milhares de quilômetros, envolvendo balsas e caminhões, e em sentido inverso, no abastecimento de matérias-primas. Outra enorme dificuldade estava na ausência de fornecedores de componentes e peças. Dessa forma, a fábrica passou a produzir quase a moto inteira, tornando-se a mais “verticalizada” do mundo.
De lá para cá foram produzidas mais de 11 milhões de unidades de CG, que se transformou no veículo mais vendido da história do Brasil, espalhadas por pilotos de todos os tipos, nos quatro cantos do país. A fábrica, no centro da Região Amazônica, a maior planta Honda no mundo, produz uma unidade a cada 25 segundos, incluindo a linha CG. A primeira motocicleta CG 125, de 1976, apelidada de “Bolinha”, tinha câmbio de quatro marchas, freios a tambor e motor de um cilindro, do tipo quatro tempos, com 11cv, em uma época em os motores do tipo dois tempos ainda faziam sucesso.
GERAÇÕES A primeira geração durou até 1981, quando também foi apresentada ao mercado a primeira moto do mundo movida a álcool. Uma versão que também tinha câmbio de cinco marchas e o Rei Pelé como garoto-propaganda. A segunda geração foi até 1988, ganhando linhas mais retas, tanque maior, freio mais potente, sistema elétrico 12 volts, a versão Cargo para frotistas e, finalmente, um câmbio de acionamento universal. A terceira geração foi até 1994, com o nome CG Today, novo visual, CDI que aposentou o anacrônico platinado e amortecedores reguláveis.
A quarta geração foi até 1995, com o nome CG Titan e visual mais arredondado. A quinta geração durou até 2003, finalmente com versão de freio a disco na dianteira e partida elétrica, marcador de combustível e sistema antifuro de pneu. A sexta geração foi até 2009, ganhando novo motor, com 150cm³ e as versões Sport, Job e Fan ainda com motor 125, além da versão 2006 em homenagem aos 30 anos. A sétima geração, totalmente renovada, foi até 2013, adotando injeção eletrônica e, pela primeira vez no mundo em moto de série, sistema flex, além de uma polêmica carenagem de farol que rendeu o apelido de “cabeçuda”.
ANDANDO Em 2014, uma versão com as cores do Brasil foi lançada em homenagem à Copa do Mundo que foi disputada aqui, e, em 2015, foi lançada a versão “pé de boi”, Start 150, e também a CG 150 Titan CBS, que é a primeira moto da categoria no mundo a contar com sistema de freios combinados nas duas rodas. A oitava geração, que vai até 2016, traz um desenho modernizado, mais encorpado, com abas laterais. A nona e atual geração, também começa em 2016, com visual ainda mais encorpado e motor flex, que passa para 160cm³ e 15,1cv, além de versão comemorativa dos 40 anos.
Andar na CG “Bolinha” pioneira, de 1976, com 40 anos nas costas, é como rebobinar a história. Para ligar, nada da mordomia da partida elétrica. Somente o pedal de partida, que, porém, é leve e obediente, ao contrário do câmbio invertido. O painel também segue o estilo da época, com instrumentos redondos, como o farol, e que inclui o luxo do conta-giros. Os freios, com tambores minúsculos, exigem parcimônia, assim como as suspensões. Porém, na hora de acelerar, a quarentona ainda bate um bolão e responde muito bem, apesar do jurássico carburador, que já é peça de museu na versão de quatro décadas no futuro.
*Viajou a convite da Honda