Indaiatuba (SP) - Entre as motos superesportivas do segmento de 600 cm³, a Honda CBR 600RR, com 20 anos de estrada, era considerada a mais bem comportada da turma, por seu conservadorismo e conduta previsível. O modelo 2007, apresentado ano ano passado, e que a partir de maio chega ao Brasil, importado do Japão, muda a história. Completamente reprojetada, é uma moto 100% nova, que conseguiu a façanha de oferecer muito mais agressividade em relação ao modelo anterior, sem perder a previsibilidade na tocada.
A mágica, segundo a engenharia da montadora, foi a obsessiva perseguição da centralização das massas, redução do peso e aumento da potência. O resultado foi a superesportiva mais curta da categoria, com distância entre-eixos de apenas 1.373 mm (redução de 22 mm) e um peso de somente 155 kg a seco. São oito quilos a menos que na versão 2006. Para tanto, o motor foi compactado (dois quilos mais leve), permitindo um tanque de 18 litros sob o banco e um garfo mais fechado, para aumentar a agilidade em traçados sinuosos.
Pacote
As mudanças também incluíram novo quadro em alumínio, com apenas quatro soldas, contra 11 no modelo anterior, resultando na redução de peso de 700 gramas. Na ergonomia, o guidão ficou 10 mm mais alto e o banco 15 mm mais recuado, proporcionando mais espaço ao piloto, apesar da redução no entre-eixos. O motor de quatro cilindros em linha e refrigeração líquida ganhou nova injeção eletrônica, com dois injetores por cilindro. Os primeiros funcionam até as 6.000 rpm. Os outros entram como se fossem espécie de turbo, depois dessa faixa, melhorando bastante a tocada esportiva.
A potência também subiu, passando de 117 cv para 120 cv a 13.500 rpm. O torque, de 6,73 kgfm a 11.000 rpm, não foi alterado, mas ficou bem mais linear, suprimindo em parte a típica anemia desses motores nessa faixa de giro. Para funcionar direito, só esguelando o propulsor. No visual, a dianteira ficou semelhante aos modelos VTR 1000, com a entrada de ar deslocada para o centro, aproveitando a zona de maior pressão, e faróis duplos mais estreitos. Na traseira, o escape único de saída alta, centre-up (apelidado de marmita), que curiosamente deslocou o farolete para o suporte da placa.
Acelerando
A Honda aproveitou a tecnologia das pistas para apimentar a nova CBR 600RR. Com distância entre-eixos menor e ângulo do garfo da suspensão dianteira mais fechado, a moto ficou mais arisca e ágil nas curvas. Para resolver o problema nas retas, adotou o tecnológico amortecedor de direção HESD (Honda eletronic steering damper, que deixa o guidão progressivamente mais firme, conforme a velocidade. O componente foi desenvolvido nas competições e adotado pela RC 211V campeã do mundial de MotoGP de 2006. O conforto aerodinâmico, porém, piorou, mas a movimentação do piloto foi facilitada, com um banco mais espaçoso.
A balança da suspensão traseira (mono, com 130 mm de curso e várias regulagens) também foi inspirada na RC 211V e ficou 5mm mais longa, reduzindo as "quicadas", nas freadas mais radicais. A suspensão dianteira, invertida, tem 120mm de curso. O freio dianteiro impressiona e transmite segurança. São dois discos de 320 mm, com pinças radiais, e um disco de 220 mm na traseira. As rodas são de aro 17 polegadas e o câmbio de seis marchas. O painel tem elementos analógicos e digitais e a chave sistema antifurto. A CBR 600RR é vendida nas cores vermelho, branco perolizado e a inédita em sua linha (talvez por ser a cor oficial da Yamaha), azul metálico. O preço em São Paulo, sem frete, seguro e óleo, é de US$ 23.195 (R$ 45 mil). Informações: (31) 3263-1777 e 2101-1833.
(*) Viajou a convite da Honda da Amazônia