O desafio de equipar uma motocicleta classificada como superesportiva com freios do tipo ABS, além das complexas razões mecânicas, também conta com o aparentemente insolúvel componente emocional. É que no segmento de uma pilotagem sempre próxima do limite, a sensibilidade do piloto é que faz a diferença, potencializando o prazer, a adrenalina e também seu ego. Até então, este quesito era ?inegociável? entre os modelos superesportivos, até que a Honda desafiou este dogma, desenvolvendo um sistema ABS para sua linha RR, como a nova CBR 600RR ABS, que chega ao mercado nacional a partir deste mês, na rede autorizada.

A ousadia foi ainda mais longe, já que o modelo também está equipado com o sistema CBS, que distribui a pressão da frenagem entre as duas rodas, independentemente da vontade do piloto. Seria praticamente uma humilhação, substituindo toda a técnica do piloto, que ainda pagou para isso, se o sistema não funcionasse com uma precisão cirúrgica, atuando a favor do piloto de forma harmoniosa e auxiliar. O segredo foi o desenvolvimento de uma super e rapidíssima central eletrônica, além de uma sofisticada e potente bomba hidráulica, que juntas acrescentam mais 11 quilos de peso ao modelo, capaz de interpretar a vontade do piloto, agindo sutilmente, como uma espécie de anjo da guarda.

Anjo Por meio de sensores, o sistema faz uma leitura constante de vários parâmetros, como velocidade, pressão no manete e pedal de freios e níveis de aderência, processando imediatamente as informações na central eletrônica, para determinar o nível de pressão da bomba hidráulica que atua nas pinças, sem tirar o prazer de pilotar esportivamente. Para os mais resistentes, a Honda também vende no mercado nacional, o modelo sem o sistema. A CBR 600RR ABS é importada e tem preço sugerido, base São Paulo, sem frete e seguro de R$ 50 mil. O modelo sem o sistema, tem preço sugerido, nas mesmas condições, de R$ 47 mil.

O curioso desta história é que a Honda, que faz questão de enfatizar o caráter do aumento da segurança que o sistema permite, possibilitando frenagens mais eficientes sem o travamento das rodas, também importou oficialmente o modelo superesportivo CBR 1000RR com ABS, para este ano, só comercializar o modelo sem o sistema. A nova CBR 600RR, equipada com o ABS combinado, também só terá a cor preta. O freio do modelo conta com dois discos de 310mm de diâmetro na dianteira, com pinças de ataque radial e quatro pistãos. Na traseira, a CBR 600RR dispõe de disco simples, com 220mm de diâmetro.

Média O motor, com arquitetura de quatro cilindros em linha, desenvolvido com ajuda da tecnologia obtida nas pistas, tem 599 cm³, quatro válvulas por cilindro, duplo comando, injeção eletrônica e refrigeração líquida. A potência atinge 120cv a 13.500rpm e o torque chega a 6,73kgfm a 11.250rpm. Para atingir estes números e oferecer um desempenho esportivo, compatível com sua proposta, a pilotagem em baixas velocidades foi sacrificada. O motor só ?enche? e ganha força quando os giros sobem para valer, dificultando os deslocamentos pelo trânsito engarrafado, por exemplo. Além disso, o ângulo de viragem do guidão é reduzido, limitando a agilidade entre os carros.

Na estrada, porém, o caráter esportivo do modelo, inverte a situação. A média cilindrada, por seu porte, oferece a possibilidade de uma condução rápida, com segurança. A suspensão dianteira é invertida com 120 mm de curso. A suspensão traseira é do tipo mono, com 129mm de curso. Ambas são reguláveis. O quadro é em alumínio, com tecnologia metalúrgica (FDC), que reduz o peso e o número de soldas. O guidão conta com amortecedor de direção eletrônico e a chave com sistema antifurto codificado. As rodas são em liga leve, com aros de 17 polegadas e o painel completo, com tela digital. O visual, além da entrada de ar central no bico dianteiro, conta com escape alto. O peso é de 179 kg.