Do alto dos seus 110 anos de história, alimentando o imaginário com motos de grande porte para longas viagens, a lendária marca americana Harley-Davidson também oferece, na direção oposta, uma espécie de primeiro degrau, com o modelo de entrada Sportster 883R. Uma Harley-Davidson mais compacta e ágil, que, contrariando a fama, também pode ser usada utilitariamente no dia a dia e não só nas estradas. O motor, entretanto, conserva o DNA da Harley, com a tradicional arquitetura de dois cilindros em V, inclinados em 45 graus, além da refrigeração a ar. Porém, sua capacidade – 883cm³ de cilindrada – é menor. Cerca da metade dos modelos das outras famílias que compõem sua linha.
A categoria dos modelos Sportster é uma das mais antigas da marca. O primeiro foi lançado em 1957, como versão das motos de competição que disputavam arrancadas e a modalidade Dirt Track, em pistas ovais em circuito de saibro, com derrapagens controladas, muito populares na terra do Tio Sam. Desta forma, as motos da família Sportster conservam até hoje cacoetes esportivos, compensando a motorização de menor capacidade. O curioso, porém, é que a 883R só é produzida para depois ser montada na planta da marca em Manaus, Amazonas, que é a primeira fora dos Estados Unidos, para o mercado brasileiro. Lá existem outras versões.
CORAÇÃO O motor, batizado de Evolution, nasceu em 1984, com base nos badalados Shovelhead e Ironhead, que empurraram modelos de décadas passadas. Para não descaracterizar sua herança, o volume externo permanece avantajado, como nos modelos maiores. Porém, conta com tecnologia atual. O carburador foi aposentado, sendo substituído pela injeção eletrônica, e a característica vibração foi minimizada com adoção de coxins de borracha nas fixações do motor e do guidão. A potência, tradicionalmente não revelada pela marca, é de cerca de 50cv. Já o torque, que é o parâmetro que conta para os fiéis consumidores do segmento, é de 6,7kgfm a 4.500rpm.
A Sportster 883R também conta com outros itens que reforçam sua maior esportividade, se comparada aos outros modelos da linha. As rodas são de liga leve, com aro de 13 raios e 19 polegadas de diâmetro na dianteira. A roda traseira tem aro de 16 polegadas de diâmetro. O sistema de freios é igualmente mais esportivo. Na dianteira, um vigoroso par de discos com 292mm de diâmetro. Na traseira, somente um disco, mas, curiosamente, com o mesmo diâmetro da dianteira, deixando o conjunto bastante potente. Paradoxalmente, o sistema de segurança antitravamento ABS não é oferecido nem como opcional.
ANDANDO A altura do assento, com apenas 760mm de altura, auxilia o embarque e o desembarque, além de facilitar o apoio dos dois pés no chão. O problema são as pedaleiras muito largas e esportivamente mais recuadas, que ficam posicionadas exatamente no meio do caminho, quase como uma armadilha para os pés nos momentos das paradas. Na hora de circular em baixas velocidades entre os carros, a silhueta mais esbelta do modelo favorece bastante. Por outro lado, as pedaleiras muito destacadas dificultam. O câmbio de cinco marchas é preciso, mas os sonoros ruídos metálicos na hora das trocas ainda assustam.
Já o sistema de transmissão por correia dentada é silencioso e não exige manutenção. O robusto motor, pintado em preto, não reclama quando exigido, embora o limite de corte seja muito prematuro, limitando também a velocidade final. O painel é simples, com apenas um relojão no guidão. No lugar do indicador de combustível, uma luzinha avisa a entrada na reserva do tanque estilo retrô, com 12,5 litros de capacidade, assim como a chave de ignição e a tranca do guidão, posicionados na lateral da coluna. A suspensão dianteira é convencional e a traseira com dois amortecedores. O peso a seco é de 251kg. O preço sugerido é de R$ 29.900.
