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Enduro da Independência - Evolução nas trilhas

O maior e mais tradicional enduro de regularidade do Brasil completou 30 anos nesta edição, revelando o avanço tecnológico das motocicletas e da preparação dos pilotos

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O piloto mineiro Rodrigo Amaral venceu a categoria a masterGustavo


A primeira edição do Enduro da Independência, em 1983, recriou a última viagem de dom Pedro I do Rio de Janeiro a Vila Rica, atual Ouro Preto, em 1822, cinco meses antes do célebre grito do Ipiranga, proclamando a independência. Foram cerca de 800 quilômetros percorridos por mais de 400 duplas em três dias, saindo da Quinta da Boa Vista, em 5 de setembro, e chegando a Belo Horizonte no dia 7, com pernoites em Barbacena e Ouro Preto. De lá para cá, as motocicletas evoluíram bastante, assim como a técnica dos pilotos. A edição comemorativa dos 30 anos adotou uma nova fórmula, para acompanhar essa significativa evolução. Um roteiro mais compacto, com cerca de 90% de trilhas e um nível técnico muito mais elevado. A prova largou de Belo Horizonte, no dia 5, com pernoites em Nova Lima. No dia 7, os participantes seguiram para Mariana, chegando a Sabará no dia seguinte.

 

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Os modelos importados eram proibidos desde 1976. A solução era preparar as motos nacionais, até 1990, quando foram novamente liberadas as importações. Atualmente, o que existe de mais moderno no mundo pode ser encontrado no Brasil. Na época, as valentes Yamaha DT 180 (vencedora da primeira edição) contavam com motor do tipo dois tempos e refrigeração ar, além de parcos 16,6cv a 8.000rpm. O quadro era derivado dos modelos cross YZ e suspensão mono, tipo cantilever. Sua rival, a Honda XL 250, tinha motor de um cilindro, do tipo quatro tempos, que fornecia 25cv a 8.000rpm. Porém, ambas eram de rua, adaptadas para a terra, frente às poucas importadas que já circulavam, por conta de brechas na legislação.

AVANÇO
Atualmente, todos os modelos têm refrigeração líquida. A injeção eletrônica está presente em vários modelos com motor do tipo quatro tempos, aposentando o jurássico carburador, permitindo o mapeamento via computador, conforme as exigências dos pilotos e condições do percurso. As motos não são mais adaptadas, mas fabricadas especificamente para rodar na terra. A partida elétrica, antes abominada em função do peso extra, agora é peça quase obrigatória e acrescenta pouco mais de 1kg à moto. O peso das motos foi reduzido com emprego de materiais nobres e gira em torno dos 100kg. Com o avanço da tecnologia dos óleos e dos componentes, as motos com motor do tipo dois tempos estão voltando ao mercado, ainda mais leves e potentes, cumprindo as normas ambientais.

A travessia de rios amenizou a calor e a poeira, que foram constantes


As suspensões evoluíram exponencialmente, permitindo copiar melhor o percurso, oferecendo mais tração para superar obstáculos cada vez mais radicais, através de links, válvulas internas, maior calibre das bengalas e óleos específicos. Esse pacote também permitiu a evolução na pilotagem, exigindo um percurso cada vez mais técnico para acompanhar o avanço. Atualmente, uma moto equipada com motor quatro tempos e 450cm³ fornece de fábrica, sem preparação, cerca de 52cv de potência. Quase a mesma de um carro popular de 1.000cm³, que exige mais braço dos pilotos. Entre os 359 inscritos de todas as partes do Brasil, sem contar a categoria Vintage, que fez o percurso apenas no último dia com pilotos veteranos, 118 pilotavam motos da marca Honda, distribuídas em 69 modelos CRF 230, 44 CRF 250 e cinco CRF 450. A Yamaha foi a segunda nas estatísticas, com 80 motos, sendo 61 WR 250 e 19 WR 450. A austríaca KTM foi a terceira na preferência, com 79 motos, distribuídas em 32 modelos 250, 23 450, 13 250 e 11 300cm³. Além dessas, 29 motos da marca espanhola Gas Gas, 27 da francesa Sherco e 26 da sueca Husaberg.