Nem duas, nem quatro. O novo veículo desenvolvido pela canadense BRP Bombardier, o Can-Am Spyder (aranha), tem três rodas. Mas, curiosamente, ao contrário dos triciclos tradicionais, tem duas rodas na dianteira e uma na traseira. Recheado de tecnologia, pretende inaugurar novo e inédito segmento e deverá desembarcar também no Brasil, já que a marca importa oficialmente quadriciclos e jet-skis. O preço de lançamento no Canadá, em setembro, vai girar em torno de US$ 18 mil.
A gigante industrial Bombardier nasceu em 1942 e produz, entre outros, aviões (concorrente da nacional Embraer), trens e veículos de neve. Em 2003, criou a Bombardier Recreational Products (BRP), uma empresa independente para abrigar a sua cada vez maior e diversificada linha de produtos de recreação, como as marcas Sea Doo (jet ski), Evinrude e Johnson (motores de popa), Rotax (fábrica austríaca de motores), e, por fim, a Can-Am, que agora também batiza o novo triciclo Spyder.
Retorno
A estratégia foi recuperar o consagrado nome das motocicletas canadenses Can-Am, que têm no currículo, entre outras conquistas, vitória do mundial de motocross (com motores Rotax), mas que só sobreviveu entre 1973 e 1987. Classificado como roadster pela BRP, o novo Spyder tem motor de dois cilindros em V, inclinado em 60 graus, de 997,6 cm³ de cilindrada, equipado com refrigeração líquida e injeção eletrônica, que desenvolve 106 cv de potência a 8.500 rpm e torque de 10,6 kgfm a 6.250 rpm.
O motor é o mesmo que da superesportiva italiana Aprilia RSV Mille, que rende 143 cv (também fabricado pela Rotax), mas adaptado para as novas funções. Além da potência, o câmbio do Can-Am Spyder tem cinco marchas, em vez das seis da superesportiva RSV Mille. A marcha a menos foi convertida em ré, indispensável para manobras do triciclo, que tem peso de 316 quilos a seco. A transmissão final, porém, usa correia dentada, em vez da tradicional corrente.
Tecnologia
A BRP empregou todo o seu conhecimento, abusando da eletrônica para dotar o Can-Am Spyder de vários mecanismos de segurança. A forma de pilotar é semelhante à de uma motocicleta, com guidão (assistido eletricamente), acelerador e embreagem manuais e pedal de câmbio. Mas o freio (um disco em cada roda) é exclusivo no pé direito, acionando as três rodas em liga leve, distribuindo a força conforme a necessidade, além do sistema ABS. A roda traseira motriz tem controle de tração, para não girar em falso em curvas.
O Spyder também dispõe de controle de inclinação, que reduz automaticamente a potência do motor, para evitar capotamentos, além de chave de contato codificada contra furtos. O complexo quadro tem arquitetura retangular, com traves em aço. Nas rodas dianteiras há suspensão independente e, na traseira, do tipo mono-regulável. O painel é completo e tem instrumentos analógicos e digitais. O visual chama a atenção e é controvertido, agressivo e exótico. Para completar, o triciclo tem um 'quase' porta-malas no bico dianteiro. Informações no site da BRP.