De Manaus - A BMW iniciou os estudos para a produção do modelo G 650 GS no Brasil há mais de cinco anos. Seria a primeira vez na história da montadora de quase 90 anos que uma moto da marca sairia de uma linha de montagem fora da Alemanha. O projeto virou realidade em 14 de dezembro de 2009, quando foram produzidas, em Manaus, Amazonas, as primeiras unidades do modelo. Um passo que também sinaliza a importância do mercado nacional para a tradicional montadora alemã e possibilita a produção de outros modelos, barateando os custos para o consumidor final, como disse o presidente mundial da BMW, Hendrik Von Kuenheim.
Hendrik não é apenas um executivo engravatado. Também pilota motos e fez questão de percorrer a estrada Rio/Santos, com parte do staff alemão. O nome cabocla significa a mistura do branco com o índio, mas no caso do modelo G 650 GS a dimensão é ainda maior. O motor da motocicleta, projetado pela BMW, mas executado pela austríaca Rotax, é produzido na China pela Loncin. De lá vem desmontado, para entrar na linha brasileira, junto com o quadro e outros componentes, que também chegam da Alemanha. No processo de montagem, alguns poucos (por enquanto) componentes brasileiros são agregados.
Parceria
O processo de montagem dos componentes em regime CKD, entretanto, não obedece a uma linha tradicional. O modelo é produzido em parceria com a marca nacional Dafra, dentro de suas instalações em Manaus. Funcionários brasileiros foram treinados na Alemanha e alemães vieram para supervisionar a produção, que fica em uma área exclusiva e obedece ao conceito de seis macroprocessos. Em vez de uma linha, a moto é montada em ilhas de produção. Um funcionário vai agregando os componentes em sua ilha, até passar para a próxima. O processo foi baseado na produção da fábrica de Berlim.
O parto da cabocla termina com uma inspeção final, além de um teste. São produzidas, inicialmente, cinco unidades por dia, totalizando cerca de 1.000 unidades por ano, que começam a chegar às revendas da marca a partir de fevereiro. O modelo vai custar R$ 29.800 e tem de série freios ABS, cavalete central e pisca-alerta. O aquecedor de manopla foi suprimido no modelo nacional, que, porém, ganhou protetores de mão. È o modelo de entrada da marca, que tem motor de um cilindro, com 652cm³, refrigeração líquida e injeção eletrônica de combustível, desenvolve 50cv a 7.000rpm e um torque de 6,12kgfm a 5.250rpm.
O modelo tem um bom e robusto pacote mecânico, mas um visual defasado, por conta de um período em que a produção foi interrompida. Relançada no mercado mundial, foi também obrigada a mudar de nome, criando uma certa confusão. É que nesse meio tempo a BMW lançou a novíssima F 650 GS, igualmente comercializada no Brasil, equipada com motor de dois cilindros paralelos, mesmo nome do modelo nacional, que então mudou para G 650 GS. A modernização do visual, que conta com duplo para-lama dianteiro, estilo bico de pato, e conjunto de farol acanhado, já está sendo providenciada e vai atualizar o modelo, sem alterar os custos finais.
A suspensão dianteira é do tipo telescópica, com tubos de 41mm de diâmetro e 170mm de curso. Poderia ser mais robusta para um modelo com pretensões fora de estrada. Mas o preço seria significativamente afetado. A suspensão traseira é do tipo mono, com 165mm de curso, regulável, em balança de alumínio. O quadro é em tubos de aço e a transmissão final por corrente. O escape tem saída dupla, mas apenas o lado direito funciona. O lado esquerdo está lá para compor o visual e abrigar o catalizador. O tanque de combustível, de 17,3 litros, fica sob o banco. O falso tanque abriga o filtro de ar e componentes elétricos. O painel conta com instrumentos analógicos. A roda dianteira tem aro de 19 polegadas e a traseira, de 17.