A BMW Motorrad costuma se distanciar das marcas maiores pelas soluções técnicas empregadas em suas motos. Para manter essa aura de dianteira tecnológica, a fabricante bávara marcou presença no Salão de Motos de Milão, que abriu as portas ontem, com um conceito singular. Batizada como Concept 6, a moto chama a atenção tanto pelo estilo futurista quanto pelo motor. Trata-se da razão de ser da moto: um seis cilindros em linha. Uma configuração que nunca chegou a ser popular na indústria das duas rodas que, em geral, emprega esse tipo de motor em uma disposição “boxer”, como na Honda Goldwing 1800. Ao contrário das motos seis em linha do passado, como a Kawazaki 1300, o motor da BMW é estreito e poderia se passar por um quatro cilindros.
Segundo a BMW, o bloco é 10 cm mais estreito do que qualquer outro propulsor do tipo já utilizado em motos, o que o torna apenas um pouco mais largo do que um quatro cilindros de construção convencional. Para chegar a esse resultado a marca adotou um espaçamento bem reduzido entre os cilindros, além de ter deslocado outros componentes do motor para trás do virabrequim, logo acima do câmbio. O bloco, com lubrificação a carter seco, está inclinado para frente em 55º, como na linha K do fabricante, para garantir um centro de gravidade menor e melhor balanço.
Veja mais fotos da BMW Concept 6!
Ainda não foram detalhes maiores sobre deslocamento ou potência. A BMW diz apenas que o motor gera tanta potência quanto o quatro cilindros da K 1300: mais de 150 cv. Mas não faz segredo sobre o torque de 13,2 kgfm a apenas 2 mil rpm. Mas a Concept 6 não é uma moto de giros baixos, com limite em 9 mil rpm. De acordo com a marca, o consumo em velocidade de cruzeiro não é mais alto do que um quatro cilindros, tal como as emissões, graças aos catalisadores. A “supremacia” pretendida pela marca fica clara no painel em LED, que dispensa o conta-giros e adota no lugar o quanto de torque está disponível naquela rotação.
Estilo
O estilo da moto não é menos arrebatador e mescla um estilo atual à herança das “café racer”, motos esportivas utilizadas em competições clandestinas na Inglaterra da década de 60, quando os corredores se envolviam em disputas cujo ponto de partida era um “café”, uma lanchonete de beira de estrada.
As linhas angulosas com faróis e lanterna em filetes de LEDs se mesclam a detalhes que parecem saídos de uma oficina artesanal, como o escapamento com três saídas enfileiradas em cada lado. A moto herdou da superesportiva S 1000 RR os defletores de ar e o spoiler na parte inferior do motor. A cor prateada exclusiva se mescla ao tanque feito em fibra de carbono e detalhes de alumínio. As suspensões garantem o equilíbrio do conjunto, com o esquema monomortecido na dianteira e na traseira. Os freios a disco parecem suficientes para a proposta e preenchem as rodas de 17 polegadas.
Tradição
A disposição de seis cilindros em linha faz parte da tradição da BMW, cujos carros são equipados com esse tipo de propulsor há mais de sete décadas. De acordo com a marca, além da vantagem oferecida pelo maior poder de fogo, esse arranjo emite um som incomparável, que se assemelha a uma “turbina”. O novo seis em linha irá estrear na série de motos K 1300, que inclui versões “naked”, esportiva e “touring”, mas também pode estar na top turística LT.