Em fins de maio, um dos mais famosos e antigos palcos da história do motociclismo de competição mundial completou um século. A mitológica prova da Ilha de Man, também conhecida como Tourist Trophy, ou simplesmente TT, contudo, começou depois que a Inglaterra proibiu provas em circuitos de rua. A Ilha de Man, com administração independente, e situada entre a Inglaterra e a Irlanda, foi a saída para driblar a imposição. Em 28 de maio de 1907, foi dada a largada para a primeira prova, que se tornaria uma das mais perigosas e famosas do planeta.
Depois de alguns testes, o circuito de 60,7 quilômetros de extensão, com 256 curvas, composto de estradas, uma parte montanhosa, retas de quase seis quilômetros, várias pontes e travessia de vilas, foi adotado como oficial. O percurso era tão longo, que os pilotos não largavam em blocos, mas de dois em dois, disputando contra o relógio. O interessante é que o competidor poderia encontrar chuva, e até neblina, em alguns trechos do circuito. Para isso, as equipes tinham olheiros, que informavam os pilotos em várias partes, por meio de placas.
Desafio
Em 1949, a prova passou a receber o mundial de motovelocidade, ganhando ainda mais status. Com o desenvolvimento das motos de competição, cada vez mais rápidas, o circuito, sem adequação necessária, ficou inviável. Em 1977, deixou de fazer parte do calendário do mundial, mas não perdeu a fama e a chama do desafio, atraindo os principais pilotos do mundo. Em comemoração aos 100 anos da prova, foram realizadas várias programações, como o desfile de motos clássicas e vencedoras da disputa.
Entre os maiores campeões da Ilha de Man estão Giacomo Agostini, Phil Read, Mike Hailwood e J. Dunlop. Esse último, com 26 vitórias em várias categorias, foi o maior vencedor, recebendo o título de King of the road. Os pilotos do passado deram voltas com suas motos da época e participaram de várias festividades. Hoje, para participar da prova é necessário um período de adaptação, com várias voltas no circuito. Na prova de verdade, comemorando o centenário, o piloto Johm McGuiness acelerou para valer, vencendo a prova, com a incrível marca de 208km/h de média horária. Tudo isso, em estradas que ficam abertas o ano todo, recheadas por muros, meios-fios, árvores, postes, lombadas e um público apaixonado. Um desafio para mais 100 anos.