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Tamanho não é documento

Indústria automobilística não ignora o inacreditável desperdício de energia e está se movimentando para alcançar resultados menos vergonhosos

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O prezado leitor tem idéia de como será o automóvel de seus netos?

Nas últimas décadas, os carros se tornaram mais leves, seguros e aerodinâmicos. Está enganado quem pensa que o Buickão 48 do vovô protegia melhor os passageiros, porque pesava duas toneladas. O Fiat Mille e o Chevrolet Corsa pesam e medem a metade, mas são muito mais seguros. Quantas vezes um desses compactos se envolve num acidente que destrói toda a carroceria, mas os ocupantes saem ilesos? No Buickão, o motorista não escapava vivo de uma pancadinha frontal, que empurrava o volante contra seu peito.

E o carro dos nossos netos?

O maior desafio atual é a redução do consumo e da poluição. A solução está em automóveis mais leves e com motores mais eficientes.

Diminuir o peso de um carro não passa necessariamente pela redução de tamanho. Até por uma questão da segurança: quanto menor for, também mais reduzido o espaço para o "sanfonamento" da chapa, no caso de uma batida. Ou seja, menor a distância entre o passageiro e a lata.

A redução de peso será obtida com materiais mais leves e resistentes.

Como explicar que um bólido da Fórmula 1 bate a 300 km/h e o piloto sai ileso? Simples: sua carroceria é de composto de fibra de carbono que não pesa quase nada, mas resiste cerca de 10 vezes mais a impactos do que a chapa de aço.

Os motores ainda têm muito que evoluir, também.

Acredite se quiser: da energia contida em um litro de gasolina, menos da metade é transformada em trabalho pelo motor, pois o resto é desperdiçado em atrito, calor e outras perdas. E o pior: do que é fornecido pelo motor, outra metade é perdida para movimentar a transmissão, em atrito dos pneus, na resistência ao ar e em outras barreiras.

E mais uma surpreendente continha: se o motorista vai sozinho no carro, seu peso (75 kg) representa apenas 5% dos 1.500kg que devem ser movimentados pelo motor.

O inacreditável resumo da ópera: menos de 1% da energia de um litro de gasolina é usada para transportar o motorista.

A indústria automobilística não ignora esses valores e está se movimentando para alcançar números menos vergonhosos.

A Toyota exibiu um carro-conceito, no último Salão de Tóquio, que pesa um terço de um modelo produzido em série. A Ford e a Nissan anunciaram recentemente drástica redução (15%) no peso de seus modelos, em seis a sete anos. A GM está investindo também em combustíveis que emitem menos carbono.

Os engenheiros estão projetando também motores mais eficientes. Além da solução dos híbridos e células a combustível (ainda muito onerosas), a Ford, por exemplo, já anunciou uma nova família de motores pelo menos 15% mais eficientes que os atuais, a ser lançada nos próximos cinco anos. Sem nenhuma solução tecnologicamente mirabolante: eles serão turbinados e contarão com sistema de injeção direta de gasolina.

Ou seja: com a tecnologia já disponível e sem custos estratosféricos, é possível projetar automóveis muito mais eficientes que os atuais.

A natureza respira aliviada.