O mundo corre atrás do automóvel compacto, econômico e com baixo índice de emissões. A antítese dessa tendência estava nos Estados Unidos, que viviam numa bolha de consumo farto e inconseqüente de combustível
Só agora, que a gasolina dobrou de preço em dois anos, as enormes picapes e utilitários-esportivos, que não rodam nem 5 km/l, desceram do pedestal. Os novos queridinhos no país do Tio Sam são automóveis mais econômicos como os japoneses Civic e Accord, da Honda, Corolla e Camry, da Toyota.
A situação ainda foi agravada com a crise econômica que atingiu o país. General Motors e Ford estão fechando fábricas, oferecendo até U$ 11 mil dólares de desconto nos grandes e pesados beberrões encalhados em seus pátios.
O atual desafio é oferecer um automóvel de baixo consumo e nível de emissões sem prejudicar desempenho, conforto e segurança.
À primeira vista, a resposta a essas exigências é reduzir o tamanho do carro para torná-lo mais leve.
Certo? Errado!
As pesquisas apontam para outra direção: ao contrário do que se imagina, o carro pequeno não é o caminho mais adequado, pois prejudica a segurança do automóvel. Apesar de os engenheiros estarem projetando modelos compactos cada vez mais seguros, está provado que, quanto maior o automóvel, maior o crush space, ou seja, o espaço disponível para absorver o impacto e proteger os passageiros.
A solução ideal é a redução de peso desenvolvendo-se projetos mais modernos e inteligentes e materiais mais leves e resistentes.
Repare nos carros da Fórmula 1: eles se acidentam com impactos em elevadíssimas velocidades e muitas vezes o piloto sai ileso de seu interior. A explicação está na carroceria que usa compostos de fibra- carbono superleves, mas que absorvem cerca de dez vezes mais que o aço a energia gerada num impacto. Quando a utilização desse material for viável economicamente nas linhas de montagem, os engenheiros calculam que o peso atual dos carros será reduzido em cerca de 50%.
Os primeiros indícios: no Japão, a Toyota apresentou um carro-conceito que, quando lançado, derrubaria o Prius, seu bem-sucedido híbrido. O 1/X pesa apenas um terço do Prius (420 kg) e bebe a metade de gasolina com seu motorzinho de meio litro sob o banco traseiro.
Outras japonesas, como a Nissan e a Mazda, já iniciam a produção de automóveis 5 a 10% mais leves e anunciam o lançamento de modelos com redução de 15% de peso entre cinco e dez anos.
A Ford vai na mesma direção: ela anunciou que vai reduzir de 100 a 300 kg o peso de toda a sua linha de automóveis entre 2012 e 2020.
Estão lembrados das nossas avós passando roupas com ferros pesadíssimos? Pois a indústria automobilística demorou pelo menos uns 50 anos mais que a de ferros de passar roupa para descobrir que materiais mais eficientes são muito mais importantes do que o peso do produto...
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