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Salão de Munique expõe avanço de marcas chinesas na Europa

Mostra que substituiu o gigante Salão de Frankfurt traz ainda importantes lançamentos das marcas alemãs e confirma a invasão das orientais

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Entre as várias marcas asiáticas que invadiram o Salão de Munique, a BYD chamou a atenção dos visitantes
Entre as várias marcas asiáticas que invadiram o Salão de Munique, a BYD chamou a atenção dos visitantes Foto: Entre as várias marcas asiáticas que invadiram o Salão de Munique, a BYD chamou a atenção dos visitantes

A indústria europeia de veículos terá que fazer um grande esforço financeiro e técnico para enfrentar o avanço de marcas chinesas que conseguem preços bastante competitivos na fabricação de veículos elétricos (VE) e baterias. É o que se pode deduzir sobre o Salão de Munique (5 a 10 de setembro), que sucedeu ao gigantismo de Frankfurt. Agora aposta em fórmula de exposição mista, usando as praças da cidade e um centro de exposição de dimensões menores.

salao de munique 2023 mercedes benz cla class vermelho de frente
Mercedes-Benz apresentou o novo CLA

Cerca de 40% dos estandes do Salão de Munique foram ocupados por marcas sediadas na Ásia. Os fabricantes tradicionais estão de certa forma encurralados, pois não podem “virar a chave” sem enfrentar outros problemas. Luca de Meo, presidente do Grupo Renault, afirmou à agência Reuters que “temos de diminuir a diferença de custos em relação aos chineses, que começaram com veículos elétricos anos antes”. O novo VE R5, em 2025, caminha para isso, acrescentou.

salao de munique 2023 vision neue klasse branco de frente
BMW mostrou a visão futura de seus modelos

As principais novidades do Salão de Munique concentraram-se em VEs. A começar pela BMW, que apresentou uma visão ainda genérica do futuro Série 3, focando no avanço de 30% em alcance e recarga da bateria. Modelos a combustão e elétricos coexistirão. A Mercedes-Benz destacou a próxima geração do CLA, com as DRL inspiradas na estrela de três pontas da marca. O Tesla 3 recebeu leve reestilização frontal e aumento de preço de US$ 2.500 (R$ 12.500).

salao de munique 2023 tesla model 3 de frente
Novo Tesla Model 3

Inspirada na mística versão GTI do Golf, a VW apresentou no Salão de Munique o modelo-conceito ID. GTI, que só chegará ao mercado daqui a quatro anos. Trata-se de um VE com referências explícitas ao estilo original, ao contrário do que tem sido a regra atual.

Entre as chinesas no Salão de Munique, destaque para a nova marca AVTR, nascida de colaboração entre a Changan e a Huawei (gigante das redes de telecomunicação). O modelo batizado com número 12 tem 5 metros de comprimento e versões com um e dois motores elétricos.

Dos carros convencionais no Salão de Munique, duas peruas (camionetas) chamam atenção por seu estilo arrebatador: Passat Variant e Classe E All Terrain.

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Volkswagen ID. GTI, inspirado no Golf

Sexta geração do Cayenne também é híbrida

Desde seu lançamento, em 2002, o Porsche Cayenne representou a primeira diversificação de uma marca premium para os SUVs. O movimento não foi bem compreendido, inicialmente, mas as vendas provaram o contrário: 60% a mais que o previsto. O acerto deu início à era de SUVs de alto desempenho, influenciando outras marcas de carros puramente esporte. Também evoluiu para adicionar a carroceria SUV cupê.

Agora estreia no Brasil a sexta geração com algo a mais do que simples reestilização e pré-venda de versões híbridas, que chegarão no primeiro semestre de 2024. A Porsche investiu também em aperfeiçoar os faróis de LED HD-Matrix de mais de 32.000 pixels por unidade e seis possibilidades de fachos. Há nada menos de oito desenhos de rodas com até 22 polegadas e pneus de maior diâmetro externo. Chamam atenção os para-lamas dianteiros mais elevados e ligeiramente arqueados.

Logo ao sentar no SUV destacam-se novo volante, quadro de instrumentos totalmente digital (como sempre conta-giros no centro), saídas de ar-condicionado sem aletas, alavanca seletora do câmbio no lado direito do painel de fácil acesso e três telas: 12,6 polegadas (instrumentos), 12,3 polegadas (multimídia) e 10,6 polegadas (para o passageiro). Tem pareamento Android Auto e Apple CarPlay sem fio e recarga de celular por indução (até 15 W) com refrigeração.

O que mais impressiona é a versão Turbo GT: V8 biturbo, 4.0 litros, 659cv e 86,7kgfm de torque. Tanto na avaliação por estradas quanto no autódromo Velo Città (Mogi-Guaçu/SP) o desempenho empolga, com aceleração até 100km/h em 3,2 segundos. Há até um defletor de teto adaptativo, herança do Porsche 911. O Turbo GT, além do equilíbrio em curvas e freios tradicionalmente excelentes da marca, é o mais caro: R$ 1.385.000. Mas quem se contentar com o Cayenne S e “apenas” 474cv/58,8kgfm, pagará R$ 850 mil.

São duas as versões híbridas: E-Hybrid (470cv e torque combinado de 63,7kgfm) por R$ 690 mil e a Turbo E-Hybrid (739cv e torque combinado de 93,1kgfm), 0 a 100km/h em 3,7 s, por R$ 1.135.000. Esta última tem desempenho menor pela diferença de massa (180kg em razão da bateria) frente à versão Turbo GT.

Elétrico BYD Seal: espaçoso e preço atraente

Além do impacto positivo do modelo de entrada Dolphin, a BYD deu outro choque no mercado com o sedan Seal por R$ 296.800. Linhas do sedan-cupê são atraentes (melhor ao vivo do que em fotos), destacando-se os conjuntos ópticos dianteiro (com filetes de LED) e traseiro. Há amplo espaço interno graças à distância entre-eixos de 2.920mm, principalmente para os passageiros do banco traseiro, que se beneficiam ainda do assoalho plano. Para bagagem, porta-malas traseiro de 402 litros e dianteiro de 53 litros.

BYD Seal preto de frente em movimento
BYD Seal, carro elétrico importado da China

O interior traz ótima atmosfera pelo teto solar panorâmico e materiais de boa qualidade. Quadro de instrumentos poderia ter resolução maior e contraste de cores. Tela do multimídia rotacional apresenta dimensões generosas (15,6 polegadas). Ao volante, o banco é confortável, com aquecimento e ventilação.

Painel do BYD Seal
Interior do BYD Seal é moderno, com tela giratória para o multimídia

Desempenho é o ponto alto do Seal. Dois motores, um dianteiro e outro traseiro, totalizam 531cv e 60,2kgfm. As respostas ao acelerar empolgam e a tração 4x4 sob demanda garante comportamento em curvas muito bom. Até dá para “esquecer” que sua massa total em ordem de marcha é de nada menos que 2.185kg. O percurso de avaliação não tinha trechos muito sinuosos, porém, provocado em curvas, foi muito bem.

Desagradável é o sistema de manutenção em faixa muito intrusivo e que não pode ser desligado. Em piso irregular as suspensões mostram respostas adequadas. Porém, a distância mínima do solo de somente 120mm faz o carro raspar com facilidade em lombadas e valetas. (Colaborou Luís Fernando Carqueijo).

BYD Seal preto de traseira em movimento
Modelo chinês tem formas e estilo esportivo

Estoques aumentam: bom para o consumidor

A indústria automobilística aumentou sua produção em agosto. As 227 mil unidades de veículos leves e pesados significaram crescimento de 24% sobre julho. Esse resultado elevou os estoques nas fábricas e concessionárias de 29 dias em julho (resultado do programa de incentivos tributários do Governo Federal, já encerrado para modelos leves) para 35 dias em agosto. Isso aponta no sentido de continuidade de promoções agora em setembro.

A valorização do real frente ao dólar também ajudou a reduzir preços de modelos importados e os aqui produzidos tendem a acompanhar. Uma recuperação maior depende de redução das taxas de juros que já se iniciou, mas não se sabe ainda em que ritmo. Em agosto, a média diária de vendas foi de 9 mil unidades. E a expectativa da Anfavea para 2023 continua a mesma do início do ano: aumento na comercialização de 3% sobre 2022 para 2,168 milhões de unidades.

Em agosto, foram vendidas 1.167 unidades de modelos elétricos entre automóveis e comerciais leves: 0,6% do total. Em agosto de 2022, o percentual era de 0,5%, mas, a partir deste mês, deve subir com a escalada das marcas chinesas.

Grupo Gandini importou 450 mil veículos Kia em 30 anos

Operação começou modesta, em 1993, depois de José Carlos Gandini fundar a Kia Motors do Brasil no ano anterior e começar a implantar a rede de concessionárias. Inicialmente, foram apenas mil unidades do Besta para passageiros, Besta Furgão, picape Ceres e caminhão leve K3500.

Kia Besta de frente
Kia Besta foi um dos modelos de maior sucesso no Brasil

Em 2009, passou a ser distribuidor da Kia também no Uruguai e ganhou a licença para fabricação no país vizinho do caminhão leve Bongo K2500. Ao completar este ano 450 mil unidades importadas da Coreia do Sul e do Uruguai, os modelos de passageiros mais vendidos foram: SUV compacto Sportage (106 mil unidades), sedan médio-compacto Cerato (71 mil) e subcompacto Picanto (42 mil).

José Luiz Gandini, filho do fundador e atual presidente do grupo, afirma que resiliência é o fator mais marcante para a trajetória da empresa em razão dos altos e baixos da economia brasileira.

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