Acredite se quiser: as estatísticas na Alemanha registraram cerca de 19 mil mortes em 1970 em conseqüência de acidentes de trânsito. No ano passado, este número foi reduzido para cinco mil. Desnecessário lembrar que, nestes 36 anos, houve um enorme acréscimo não somente da frota circulante como também da quilometragem anual de cada veículo.
E como se explica essa drástica redução de acidentes e vítimas no trânsito?
É claro que houve campanhas de conscientização, rigor na fiscalização e aperfeiçoamento da malha rodoviária. Mas ninguém duvida de que o mais importante nesse decréscimo da mortandade no trânsito foram os novos dispositivos eletrônicos de segurança desenvolvidos pela indústria automobilística.
Os dois equipamentos mais importantes para reduzir o risco de acidentes são o ABS (Antilock Braking System) e o ESP (Electronic Stability Program). O primeiro atua no sistema de freios, evitando o bloqueamento das rodas quando o motorista pisa para valer no freio. Se o carro desliza com as rodas travadas há duas conseqüências graves:
1 - aumenta consideravelmente a distância necessária até o carro parar;
2 - o carro perde a dirigibilidade e as rodas dianteiras não obedecem ao movimento do volante.
O ABS foi introduzido pela Bosch em 1978 e hoje é equipamento quase standard em todo o mundo: 74% dos automóveis novos saem da fábrica equipados com o sistema.
No Brasil, apenas 10% dos carros deixam a linha de montagem com o ABS, que ainda é importado. Mas a Bosch decidiu produzir o equipamento em sua fábrica de Campinas, para reduzir o custo. Dentro de três meses, o dispositivo já estará nacionalizado.
O ESP corrige a tendência de o automóvel derrapar lateralmente, seja numa curva ou numa manobra súbita, para desviar de outro carro, animal ou objeto na estrada. Seus sensores percebem que o automóvel está na trajetória errada, interferem nos freios e no sistema de injeção para corrigi-lo. As pesquisas indicam que a utilização do ESP reduz em 80% os acidentes provocados por derrapagens laterais. Estatísticas elaboradas pelas companhias de seguros alemãs revelam que 60% dos acidentes com mortes são conseqüência de batidas laterais depois de o automóvel ter derrapado.
Existem dois tipos de segurança: ativa e passiva. A primeira evita o acidente, com equipamentos do tipo ABS e ESP. A segunda é que, quando ele acontece, reduz as conseqüências, com carrocerias que se deformam gradualmente, barras de proteção, airbags e cintos de segurança.
Ambas são importantes, mas há um projeto de lei no Brasil para tornar obrigatório o uso do airbag. Matéria que merece uma análise mais profunda, pois a bolsa inflável contribui para proteger motorista e passageiros, mas é um equipamento suplementar ao cinto de segurança e de custo elevado em relação à proteção que oferece.
É indiscutível e as estatísticas comprovam que, em termos de segurança, os dispositivos mais importantes e que merecem prioridade de utilização são os que evitam o acidente, como ABS e ESP. Não é por acaso que, nos EUA, onde o ABS já está presente em todos os automóveis, o ESP será obrigatório a partir de 2011.
Questão de segurança
O brasileiro ainda prefere a roda bonitinha ao freio ABS. Mas o país poderá tornar obrigatório o dispositivo de segurança nos automóveis