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Ponta do iceberg

Encrencas com os SUVs não faltam. Dessa vez foi com um da Toyota, que está na mais negra fase de sua história

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Mais um Toyota com problemas nos EUA, dessa vez um Lexus GW 460, um sofisticado utilitário-esportivo (SUV). A Toyota decidiu fazer o recall em função de um teste da revista norte-americana Consumer Reports, que apontou a falta de estabilidade do SUV para enfrentar curvas mesmo em velocidades moderadas. A revista matou a cobra e mostrou o pau: o filme do teste revela o jipão de luxo adernando, saindo de traseira e rodando feio numa simulação de curva.

Encrencas com os SUVs não faltam.

Em primeiro lugar, por ser mais elevado, o utilitário-esportivo dá a impressão de mais segurança, mas tem menos estabilidade que um automóvel.

Além disso, sua altura e peso o transformam numa perigosa arma: se bate na lateral de um carro, é um verdadeiro massacre.

Finalmente, são incorrigíveis beberrões, campeões de consumo e poluição.

Os problemas não se restringem aos grandalhões: até o compacto Ford EcoSport exibe decalques no para-sol pedindo prudência ao motorista, pois seu elevado centro de gravidade torna-o perigoso nas curvas.

E mais: as estatísticas do IIHS, instituto americano que pesquisa a segurança, revelam que nos capotamentos de automóveis há 25% de mortes. O percentual sobe para 59% nos acidentes com SUVs, porque seu teto resiste menos ao impacto. Ao se deformar, atinge o passageiro dentro do veículo ou permite a abertura da porta, cuspindo quem não esteja com o cinto afivelado.

Que ninguém se iluda: SUV transmite uma sensação de segurança, mas mata mais que o automóvel.

Quiproquó


Por falar em Lexus, a Toyota passa pela mais complicada fase de sua vida e sua imagem está abalada em todo o mundo. Além dos milhões de automóveis chamados de volta aos concessionários nos EUA e na Europa pelo problema de aceleração espontânea, convocou também o híbrido Prius por problemas nos freios. E agora, um quiproquó com a minivan Sienna. Nela, o recall é para substituir o cabo que segura o estepe sob a carroceria. Ele se oxida, rompe e a roda sobressalente pode se soltar e sair rolando na rua.

No Brasil, a Toyota pressionada pela imprensa e pela Justiça finalmente fará o recall do Corolla (que também acelera sozinho). Ela já tinha sido proibida de vendê-lo em Minas pelo promotor Amauri Artimos da Matta, do Procon estadual, por causa do problema de fixação do tapetinho.

Mas o tapete é a ?ponta do iceberg?: a filial brasileira da Toyota finge ignorar que, nos EUA, o Corolla foi submetido a dois recalls, do tapetinho e do pedal do acelerador. E continua acelerando espontaneamente. Lá, o governo chamou até engenheiros da Nasa para ajudar nas investigações, pois a suspeita é de que o problema seja de origem eletrônica.