Pois é, comandante Rolim, aquele acidente com o helicóptero liquidou, entre outros, com o nosso jantar em Serra Verde, no Sul de Minas. Para onde iríamos em nossas motos...
Liquidou também com sua filosofia de encantar o cliente. Sua empresa alçou voo e foi de Marília para o mundo, mas está aterrissando hoje em quintais chilenos. E corre o risco de ter que abandonar a Star Alliance, ao se incorporar com a Lan Chile.
Por falar em Star Alliance, seus passageiros estão percebendo a trapaça articulada pelo plano Fidelidade, em que só os clientes são fiéis...
Durante alguns anos, era necessário acumular 60 mil milhas para ter direito a uma ida e volta aos EUA em classe econômica, por exemplo. De repente e espertamente, a TAM decidiu inventar duas categorias de passagens, "restrita" e "irrestrita". O malfeito é sutilmente explicado em seu site: "Existem tarifas específicas para resgate que estão condicionadas à disponibilidade de assento. Mas, com uma pontuação maior, também é possível resgatar passagens prêmio sem limitação de assentos e datas para estes voos. Se tem lugar para vender, tem para resgatar". Teoricamente, a tarifa "restrita" dá direito à passagem ida e volta aos EUA por 60 mil milhas. Mas, na prática, quase só é possível viajar pela tarifa "irrestrita". É a tal "pontuação maior", que exige 200 mil milhas para o mesmo trecho. Se tem para vender, tem para resgatar... mas por mais que o triplo das milhas anunciadas, e estamos conversados.
Qual a artimanha da TAM? No dia em que ela abre as vendas de um voo (seis meses antes) pelo plano Fidelidade, ela só disponibiliza assentos pela tarifa "irrestrita". Quando vai se aproximando a data do voo e ela percebe que vão sobrar lugares, oferece a tarifa normal. Mas quem vai se arriscar a comprar uma passagem num voo internacional 10 ou 15 dias antes da viagem?
Se o leitor é passageiro "fiel", experimente entrar no site da TAM e simular a compra de uma passagem para os EUA ou Europa para perceber que é quase impossível resgatá-la com as milhas anunciadas. O próprio site dá a chance de optar por outra data no mesmo mês: aposto que, dos 30 dias, a tarifa normal ("restrita") só vai existir numa meia dúzia. Ou seja, o fiel cliente da TAM só viaja com a tarifa normal nas datas que interessam à empresa infiel, não de acordo com as suas necessidades.
Plano de passagens prêmio é coisa séria em todo o mundo. O Procon, que investiga hoje problemas de atendimento da TAM, em São Paulo, poderia levantar também esse tema. Outro órgão atuante, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça (DPDC), deveria também examinar o plano de infidelidade da TAM, um verdadeiro engodo armado contra seus clientes.
Pontos do programa Fidelidade de passageiro somem misteriosamente. Clique aqui e leia!