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Papo de Roda - Japonesas "fazem a América" no Brasil...

Nos EUA, a Suzuki já anunciou estar deixando o país. A imprensa especula que a próxima é a Mitsubishi

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O mercado norte-americano é muito mais exigente e menos condescendente que o brasileiro. Seus mecanismos de proteção ao consumidor funcionam, os órgãos de segurança veicular são exigentes e o cidadão faz valer seus direitos, pois a Justiça é rápida e eficiente.


Não tem marca de automóvel que não queira uma fatia do bolo que vende mais de 10 milhões de unidades por ano. Mas a competição é osso duro de roer. Marca francesa, por exemplo, não tem vez na terra do Tio Sam: a Renault, única que tentou, deu com os burros n’água. A Volkswagen teve fábrica para vender o Golf, mas fez as malas e partiu. Retornou recentemente importando do México. A Alfa Romeo tentou, desistiu, e agora tem chances de retorno pois a Fiat comprou (aliás, “ganhou”...) a Chrysler.


Entre as japonesas, nem todas conseguiram “ fazer a América”: Subaru, Nissan, Toyota e Honda são fortes (Accord e Camry não saem da lista dos mais vendidos), mas Suzuki e Mitsubishi vivem um pesadelo por lá. Aliás, a Suzuki anunciou, no fim de 2012, estar deixando o país. Os números da Mitsubishi não levam a previsões otimistas: a marca chegou a vender 345 mil unidades nos EUA em 2002, mas entrou em queda livre e caiu para apenas 54 mil em 2009. Em todo o ano de 2012, o Lancer Sport (também importado para o Brasil), emplacou ridículas 702 unidades e conquistou o segundo lugar na lista dos piores em vendas. É considerado obsoleto e caro. Aliás, o primeiro da “lista negra” foi outro Mitsubishi, o elétrico i-MiEV com 588 unidades. A marca não consegue decolar e a imprensa suspeita de que sua permanência está por um triz, com volumes tão baixos de vendas. Mas seus executivos garantem o contrário.


No Brasil, ela e a Suzuki são representadas – coincidentemente – pelo mesmo grupo comandado por Eduardo Souza Ramos. Além de importador, tem em Goiás uma fábrica da Mitsubishi (Catalão) e constrói outra para a Suzuki (Itumbiara).

Recentemente o Banco BTG Pactual entrou como sócio minoritário em ambas as operações. Como o mercado brasileiro é menos exigente que o norte-americano, a Mitsubishi não passa aqui pelos mesmos problemas, apesar de vender (e fabricar) modelos também ultrapassados. Um dos principais motivos, segundo os especialistas norte-americanos, do fracasso da japonesa naquele mercado. E, assim como nos EUA, vários de seus concessionários deixam a desejar na qualidade da assistência técnica.


Talvez para desencalhar o i-MiEV dos EUA, a marca está desde o ano passado empenhada num grande trabalho institucional para emplacá-lo aqui e anunciou até a possibilidade de produzi-lo, caso o governo brasileiro conceda incentivos para veículos híbridos e elétricos. Cada país tem os políticos e os carros que merece...