De repente, o motor começa a tossir, engasgar e espirrar. Ou tem espasmos na marcha lenta, quase morre e o obriga a acelerar para mantê-lo vivo. Além disso, o desempenho piora e pede segunda naquela subida que ele vencia de terceira.
Na oficina, o diagnóstico é de gasolina adulterada e você protesta, pois abastece há anos no mesmo posto, o dono é conhecido e de confiança. Diante do protesto, o combustível é analisado e o resultado confirma que ele contém substâncias estranhas e até a presença de resíduos vegetais.
Aí se mata a charada: os caminhões que transportam combustíveis nem sempre (quase nunca) lavam o tanque, como deveriam, entre uma viagem e outra. Pode ter levado biodiesel para a distribuidora misturar com o diesel e, em seguida, carregar gasolina (ou etanol) para um posto. Bastam alguns litros do combustível derivado da soja no fundo do tanque do caminhão para contaminar o motor do seu automóvel.
A culpa não é sua nem do posto, mas da distribuidora que abasteceu o caminhão sem verificar suas condições. Mas quem paga o pato, como sempre, é você.
Botãozinho Você vem tranquilo pela estrada, com a família no carro, só preocupado em desviar dos eternos buracos e crateras, até que um deles dribla sua vigilância. Por sorte, rodas e pneus não foram afetados mas, alguns metros depois, o motor morre e não pega de jeito nenhum. Cansado de tentar e com a bateria em estado terminal, você desiste, chama o reboque e um táxi para levá-lo com a família para a oficina. Minutos depois, o gerente traz a boa notícia de que o problema está resolvido. Ele pode ter sido honesto, explicado o que ocorreu e nada cobrar. Ou ter feito mistério e faturado, desonestamente, a substituição (que não ocorreu) de algum componente mecânico ou elétrico.
O que aconteceu de fato? Quando o carro caiu no buraco, o impacto acionou um dispositivo que corta o fornecimento de combustível para evitar incêndio no caso de um acidente. É o FPS (Fire Protection System): os engenheiros que o projetaram não têm intimidade com as nossas estradas e erraram a mão na sensibilidade do “sensor”, que informa ao sistema o impacto de um acidente... que não aconteceu.
Na verdade, se você soubesse disso, bastaria apertar um botãozinho que neutraliza o dispositivo e o combustível volta a ser injetado no motor. Mas, como ninguém lê manual do automóvel, não sabe que ele existe, onde está nem como desativá-lo. Perde tempo e dinheiro. E se a oficina for desonesta, ainda cobra caro para apertar o tal botãozinho.
Dica? O FPS fica, em geral, na lateral sob o painel, ao lado dos pedais ou do pé do passageiro.