Você já deve ter ficado intrigado com várias fábricas anunciando que faturaram o prêmio disso e daquilo. É natural, pois existem dezenas de premiações anuais do melhor carro, do automóvel assim ou assado, da melhor compra, dos eleitos do público, dos preferidos pela imprensa, e por aí vai...
No Brasil, quem promove o Carro do Ano é a revista AutoEsporte e seu júri é composto por 18 jornalistas especializados. Além de ser o mais antigo, é também considerado o de maior impacto e respeito no mercado. Como se trata de um apreciável e rentável filão, várias outras publicações investiram em concursos semelhantes. Para a fábrica, não importa se o prêmio foi atribuído pelo pasquim de roça grande: o que vale é a criatividade (e verba) da agência de propaganda ao divulgá-lo. Para a publicação, uma imperdível oportunidade para seus profissionais de marketing se aproximarem das fábricas e conquistarem verbas publicitárias.
E tome premiação.
Mas está enganado quem pensa que as múltiplas eleições são exclusividade da imprensa brasileira. Existem dezenas delas também no Primeiro Mundo. Lá, como cá, as fábricas estendem tapete vermelho para os jurados, disponibilizam seus modelos, pistas de testes e equipamentos para aferir seus produtos. Lá, como cá, alguns fabricantes confundem cortesia com corrupção e avançam o sinal no afã de conquistar votos dos jornalistas.
Os dois concursos mais badalados do mundo são o Carro do Ano (Car of the Year, ou COTY) com jurados europeus, e o World car of the Year (ou WCOTY), com 64 jornalistas de 25 países. O primeiro organizado na Europa, o segundo nos EUA. E é claro que existe uma rivalidade entre ambos.
Na edição de 2012, o prêmio europeu foi atribuído ao Chevrolet Volt (que se chama Opel Ampera na Europa). O que deu margem a controvérsias, pois é um carro elétrico/híbrido, de projeto original e bem elaborado, mas de vendas ainda inexpressivas. Seria mais coerente ter levado o troféu do “melhor carro verde”, ou “ecológico”. Vendeu tão pouco nos últimos meses que a GM interrompeu sua produção para esgotar o estoque.
Enquanto isso, a Volkswagen subiu no alto do pódio do World car of the Year com seu recém-lançado up!, um subcompacto 1.0 de três cilindros, pão duro em consumo e emissões. Será produzido no Brasil entre 2013 e 2014.
Um jornalista norte-americano que é jurado no WCOTY ficou meio decepcionado ao saber que o up! não será comercializado nos EUA, mas comentou logo depois da premiação: “Eu votei num carro que não será vendido aqui, mas pelo menos está em produção e bem-sucedido em outros mercados, ao contrário do premiado pelos europeus, que está com a linha de montagem parada por falta de mercado”...
Papo de Roda - COTY & WCOTY
As múltiplas eleições dos melhores do ano não são exclusividade brasileira: existem dezenas delas também no Primeiro Mundo