Você já comeu um cachorro-quente em uma daquelas simpáticas picapinhas Towner? Pois saiba que o hot dog custou muito mais caro para o seu bolso do que você imaginava...
AMB
A história começa na década de 1990, quando foi constituída a Asia Motors do Brasil (ou AMB), para trazer veículos produzidos na Coreia do Sul pela Asia Motors. Eram a Towner (picape e furgão) e a Topic, uma espécie de Kombi. E venderam aos milhares no país, pois eram de boa qualidade e baratos.
A AMB era uma associação entre a fábrica na Coreia (51%) e três pessoas físicas (49%), o coreano Chong Jin Jeon e os brasileiros Washington Armênio Lopes e Roberto Uchoa Neto. A Asia Motors pertencia à Kia Motors, que quebrou na Coreia em 1997, mas foi adquirida no ano seguinte pela Hyundai.
Calote
A AMB conseguiu incentivos fiscais do governo federal em troca da construção de uma fábrica em Camaçari, na Bahia. O projeto jamais saiu do papel, mas cerca de 70 mil veículos foram importados nessas condições e o governo decidiu então cobrar os impostos, no valor, na época (2003), de U$ 213 milhões. Com juros e multas, o calote chega hoje perto de R$ 2 bilhões.
O imbróglio seguinte foi determinar o responsável pelo rombo, pois na Coreia a Asia Motors não existia mais e a Kia já estava incorporada à Hyundai. No Brasil, os sócios da AMB tentaram se safar da dívida com ações judiciais cruzadas uns contra os outros. Chong acabou sendo preso na Coreia do Sul, acusado de falcatruas.
Kia
A Hyundai está construindo fábrica em Piracicaba (interior de São Paulo) e nega qualquer responsabilidade no compromisso assumido no Brasil pela Asia Motors. No ano passado, a Justiça decidiu isentar a Kia (leia-se Hyundai) da dívida, pois concordou que a empresa coreana foi enganada por Washington Armenio Lopes e seus dois sócios.
CN Auto
Surge no Brasil, em 2009, uma importadora das fábricas chinesas Hafei e Jinbei, a CN Auto. Um de seus sócios é o mesmo Armenio Lopes, que cede para a nova empresa os direitos dos nomes Towner e Topic, só que, dessa vez, em carros chineses que não têm nada a ver com os antigos coreanos de mesmo nome. Uma “esperteza” do Armenio Lopes.
A CN Auto acerta com o governo do Espírito Santo um investimento de R$ 250 milhões para construir uma fábrica em troca de incentivos estaduais. E aguarda a decisão do governo federal sobre o novo regime automotivo para empresas que implantarem fábrica no país, com direito a benefícios fiscais.
Basta trocar os nomes – AMB virou CN Auto, Bahia virou Espírito Santo – e a história de Washington Armenio Lopes se repete...
Papo de Roda - A história se repete...
Uma importadora de automóveis na década de 1990 foi responsável por um dos maiores calotes já aplicados no governo federal. E vem aí o repeteco...