Você tem um Corolla? Cuidado: a Toyota fez dois gigantescos recalls nos três últimos meses, envolvendo milhões de automóveis produzidos em suas fábricas norte-americanas.

O acelerador que agarra no fundo provocou acidentes que mataram muita gente. O primeiro "culpado", segundo a fábrica, foi o tapetinho no lado do motorista: sua trava se rompia, ele escorregava e prendia o acelerador. A Toyota recomendou que o famigerado fosse retirado.

Até que, no mês passado, ocorreu outro acidente com um Toyota, no qual quatro morreram afogados. A causa foi novamente o acelerador preso no fundo, que deixou o motorista sem controle e o carro disparou para fora da estrada, mergulhando num lago.

Quando o carro foi resgatado, a surpresa: a polícia encontrou os tapetinhos no porta-malas. Aí, a culpa passou para o mecanismo do pedal do acelerador.

A Toyota, maior fabricante mundial de automóveis, está vivendo momentos complicados. Suas vendas e ações na bolsa despencaram. A produção nos EUA teve de ser interrompida até a substituição da peça defeituosa.

E, enquanto o presidente da Toyota no Japão pedia desculpas, sua fábrica no Brasil dizia que os modelos produzidos ou vendidos aqui não corriam nenhum risco, porque o mecanismo do pedal do Corolla fabricado em Indaiatuba vem de outro fornecedor. E os importados da marca vendidos no Brasil não vêm dos EUA, mas do Japão. Ou seja, nada de recall por aqui.

Entretanto, mentira tem perna curta e já surgiram vários casos comprovados do Corolla nacional (veja matéria de capa) que passaram um susto enorme nos motoristas, com o mesmíssimo defeito: acelerador agarrado no fundo.

Entre eles, um que disparou dentro da garagem de um prédio, bateu numa coluna, os airbags se abriram e estragou tanto que a seguradora considerou perda total. A dona do carro fez tanta força para frear que até hoje, três meses depois, ainda tem dor no tornozelo. E diz que teve sorte por não ter se machucado mais gravemente.

Está no momento exato de entrar em ação o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça. Foi ele que, em 2008, obrigou a Volkswagen do Brasil a fazer o recall do Fox que decepava o dedo quando se articulava o encosto do banco traseiro.

Se a subsidiária brasileira da Toyota é suficientemente irresponsável para declarar que o Corolla nacional não tem problema, então que seja intimada a explicar os diversos acidentes ocorridos no Brasil provocados pelo mesmo defeito observado nos EUA.

Se os japoneses de Indaiatuba já entraram no ritmo brasileiro da irresponsabilidade com o cidadão, alguém tem que lembrá-los de que com a vida não se brinca.

Com a palavra, o DPDC.